O título da obra, sugere, mais do que aparenta "A Verdadeira História da Ficção Científica", não é sobre ditar uma única abordagem histórica absoluta do gênero, mas apresentar, de modo profundo, as nuances tão únicas dessa Literatura tão diferenciada. Do preconceito à conquista das massas, é uma referência de como a Ficção Científica, outrora tratada com desdém por muitos críticos, ao longo dos anos é a forma de narrativa que mais domina o mainstream. Adam Roberts adentra profundamente na história do gênero FC, e remonta sua origem a novela antiga, mais precisamente no contexto da Reforma Protestante. O caráter protestante da FC ainda perdura, nesse sentido ele defende que a narrativa de FC não é de fato ao todo materialista. Mas é marcada por uma dialética entre religião X ciência e misticismo (magia) X materialismo. Prova disso é o sentimento de elevação e sublimidade frente ao novum. Outro ponto relevante, é que o autor demonstra que a FC é um conjunto de obras muito maior que os aficionados, como ele diz, “consideram o maior escrito de FC”. Para além de Asimov, Heinlein, etc., o universo de obras e criações é quase infinito. Muitos autores são marginalizados, por muitas vezes, certos fanatismos de algumas bases de fãs. O fato é que Roberts é claramente versado e conhece profundamente o universo plural da FC. Outrora tão inferiorizada, é a Literatura que domina o cinema (esse que moldou e materializou as especulações imaginativas da FC), a TV, o rádio, a música, os quadrinhos, os jogos, dentre outros tipos de linguagem.
Viajando pelas viagens cósmicas do século XVIII, em seguida pela Ficção Científica do Século XIX, dedicando um capítulo a dois nomes imprescindíveis para o desenvolvimento da Ficção Científica, o francês Jules Verne e o inglês H.G Wells. Depois, o século XX com o alto modernismo e a influência das vanguardas na FC, principalmente o Futurismo, ele também traz discussões relevantes acerca das revistas Pulps. Adam discorda do termo Era de ouro para designar as obras de FC escritas entre 1940 e 1960 (ainda assim usa o termo no título do capítulo), além disso discute o impacto da New Wave no final do século XX. E por fim, apresenta as FCs do começo século XXI, que trouxe um protagonismo dominante de um subgênero da FC: a distopia. Principalmente, após o sucesso de The Hunger Games.
Uma leitura que todos os fãs, pesquisadores e escritores de Ficção Científica devem fazer.