Brasília, coração do Brasil

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Brasília, coração do Brasil


Epopéia Edição Especial




Provavelmente a primeira aparição de Brasília em uma história em quadrinhos data de janeiro de 1959. Trata-se de uma edição especial da revista mensal Epopéia (nome ainda grafada com acento) encomendada a Adolfo Aizen, dono da Editora Brasil-América, a Ebal, pelo próprio Juscelino Kubitschek. O então presidente, reconhecendo o efeito educativo dos gibis lançados por Aizen – que tradicionalmente colocava nas bancas publicações com biografias quadrinizadas de vultos nacionais –, acreditava que uma revista do tipo seria importante para apresentar a nova capital do país a seu público-alvo, ou seja, crianças em idade escolar.

Com textos de Nair da Rocha Miranda e desenhos (também a capa) de Ramón Llampayas, “Brasília, coração do Brasil” é uma HQ meticulosamente pesquisada. Um texto de apresentação explica que, antes da chegada à gráfica, os originais passaram pelo escrutínio de JK, Niemeyer, engenheiros e arquitetos envolvidos com a construção da cidade, além de citar uma bibliografia que contou com livros, relatórios, estudos e outras fontes de consulta. Completam esta edição especial de Epopéia uma série de fotografias da construção de Brasília.

A HQ inicia sua jornada na formação geológica do planalto central no estado de Goiás que, segundo o texto de um recordatório, é a “região mais antiga da Terra”: “Em épocas pré-históricas, um mar profundo, de águas quentes e revoltas recobria-a inteiramente, como provam os fósseis e restos de vida marítima de toda espécie contidos nos sedimentos das camadas estratificadas do platô goiano”.

A história continua com o descobrimento do Brasil, a chegada dos bandeirantes e o descortinar de novos territórios, passando por diversas tentativas políticas, ainda no século 19, de levar a capital da colônia para o interior, onde ficaria menos vulnerável à invasões pelo litoral. São apresentados, nas páginas seguintes, diversos dos argumentos utilizados com esse mesmo intuito e ainda alguns dos entusiastas dessa mudança, como o astrônomo e geodesista belga, radicado no Brasil, Louis Ferdinand Cruls, que ajudou a esquadrinhar o planalto central; e o religioso São João Bosco, conhecido pela visão profética de uma nova capital no centro do país. “Neste sítio surgirá a Grande Civilização, a Terra Prometida, onde jorrará o leite e o mel! Sucederá na Terceira Geração!”, teria dito, em sonho, um anjo a Dom Bosco.

Chegamos, então, em Juscelino e a marcha para construir Brasília em páginas recheadas de textos nos balões e recordatórios, com datas, leis, discursos, promessas, etc. Pouco depois, entram em cena o urbanista Lúcio Costa e o arquiteto Oscar Niemeyer. E é por aqui que a HQ fica mais interessante, apresentando diversas plantas aéreas e outras estruturas que viriam a dar a cara da cidade, como as (conjuntos habitacionais) superquadras, palácios, igrejas, monumentos e outros setores de Brasília.

A HQ é encerrada com ilustração quase mística de JK, e loas à bravura do presidente – figura que, para muitos, era a reencarnação do faraó egípcio Aquenáton que, por sua vez, levou a capital do Egito de Tebas para uma nova cidade, que recebeu seu nome, que significa “o horizonte do (deus) Aton”.

Tal qual as outras edições de Epopéia, “Brasília, coração do Brasil” é uma HQ de narrativa meio “dura” e condução enfadonha. Parece que estamos na aula, não no recreio. O valor histórico deste gibi, entretanto, é inquestionável.

Texto de Pedro Brandt em:

https://www.raiolaser.net/home/braslia-60-anos-aparies-de-um-imaginrio-em-quadrinhos

HQ, comics, mangá

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on 28/7/22


A edição é curiosa, por ser considerada a primeira HQ sobre Brasília (publicada mais de um ano antes da inauguração) e ter sido ferramenta de divulgação da construção, sob encomenda do presidente JK à EBAL, contando com vários colaboradores (JK, Niemeyer, entre outros). No que se refere a concepção gráfica, a EBAL teve ilustradores excepcionais, mas o dessa edição deixou a desejar. O roteiro se desenrola exaltando o projeto em andamento como uma conquista da humanidade no universo... leia mais

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