Em Coriolano salienta-se um drama freudiano-edipiano, talvez mais fortemente do que em Hamlet, pois Coriolano, militar de grande coragem e imbatível na guerra, manifesta uma dependência praticamente infantil de sua mãe Volúmnia, o que vem a ser um fator determinante no enredo da peça, pois desencadeia a tragédia final. O “defeito trágico”, húbris, de Coriolano é seu exacerbado amor à justiça, pois ele ignora que iustitia nimia iniusta, “a justiça excessiva é injusta”. Ele não se conforma, por exemplo, que o Senado, temeroso de perder votos, decida distribuir trigo gratuitamente à plebe, o que, ao fim e ao cabo, custará muito caro a nosso herói. Tampouco concorda ele que a plebe ignorante tenha direito a voto e a veto, pois considera que a ignorância não permite que seu voto seja pensado e equilibrado; enfim, para ele, a plebe romana só quer mesmo é “pão e circo”. Coriolano, peça pouco lida e, certamente, nunca ou mui raramente encenada no Brasil, é leitura obrigatória em nossos dias conturbados política e socialmente.
Drama / Ficção / Literatura Estrangeira