Em De cócoras, Silviano Santiago cria o mundo opressivo de um personagem sem perspectivas, cuja memória não é senão um peso de uma existência sem grandes paixões (?) uma vida mínima, no limite do ocaso. Viúvo recente, o personagem mora sozinho em um casarão de Laranjeiras. Pouca coisa lhe resta. Depois da morte da mulher, com quem viveu uma relação marcada pela insipidez, ele passa os dias à espera do fim iminente. O irmão inconveniente, que com ele quer dividir a solidão de viúvo, um cachorro em que enxerga afinidades, esse homem nada deseja além de se livrar de seus fantasmas. Em De cócoras Silviano Santiago cria um universo de dor e alienação ao abordar o desamparo que se encontra no íntimo de cada um.