Domingo é dia de morrer

Os contos de Domingo é dia de morrer carregam a densidade da denúncia. A crítica faz-se a cerca das máscaras que o ser humano veste para poder suportar a falta de sentido da vida. No conto de abertura da obra, o personagem aponta a aflição do existir como justificativa para o esquivar do contato com o outro, ao mesmo tempo, que um segundo membro da narrativa, aparece como outra voz dentro do enredo, a qual luta contra o excesso de pessimismo demonstrado por seu amigo. Neste diálogo, as perspectivas dos personagens duelam entre si, como parte de uma consciência humana, em choque, sendo que de um lado a busca pelo prazer justifica o viver, e do outro, a falta de sentido dos prazeres denunciam a amargura do existir.

Nestas narrativas, o pessimismo persiste no enredo dos contos, como obstáculo que desafia os protagonistas, denunciando que as prisões nas quais o ser humano se prende, paralisam-no pelo ato de simplesmente, aceitar os pensamentos de status, poder, aparências ou religiosidade. Os contos dos livros são denúncias sobre a origem das angústias humanas, que muitas vezes, nascem do próprio seio da sociedade, a qual por sua vez, faz originar a competitividade, a busca insensata por prazer, e que, como efeito colateral, faz surgir como sua parte integrante, seres desnorteados e vazios.

Contos / Ficção / Literatura Brasileira