Na História de Florença, Maquiavel lamenta a perda do estado republicano e o ocaso da liberdade em sua cidade; nela, podemos ver como Maquiavel desvela, de forma narrativa, o processo de corrupção da república florentina pela gradativa corrosão das ordenações e a degradação dos costumes civis. Florença preza sua liberdade, mas é incapaz de mantê-la: "Em uma só forma de estado jamais nos aquietamos, como jamais ficamos de acordo para viver livres, também o ser servos jamais nos contentou." São os interesses privados, constituídos nas facções em disputa, que arruínam a liberdade republicana: "As ordenações e as leis não são criadas para a utilidade pública, mas para a utilidade própria; por isso as guerras, as pazes, as alianças não são deliberadas para a glória comum, mas para a satisfação de poucos. E, se as outras cidades estão cheias dessas desordens,a nossa está delas manchada mais do que qualquer outra; porque nela as leis, os estatutos, as ordenações civis não são ordenadas de acordo com a vida livre, mas de acordo com a ambição da facção que se tornou superior." P.F.A
== [Sobre o autor]: Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi escritor, diplomata e pensador político. Nasceu e morreu em Florença, de origem relativamente modesta, conseguiu fazer carreira pública, após a expulsão dos Médici, em 1494. Executou missões junto a diversos Estados italianos, progredindo rapidamente na carreira. Embora nunca fosse nomeado oficialmente embaixador, dirigiu frequentemente negociações de grande responsabilidade. Em 1513 foi preso por algum tempo e torturado. Maquiavel é considerado o 'pai' da ciência política e seus textos são estudados em universidades de todo o mundo.