Ernesto Geisel, o quarto general-presidente da ditadura militar brasileira, assumiu o cargo em março de 1974 e o entregou ao sucessor cinco anos depois. Foi o primeiro dos ditadores a receber o mandato de um presidente-militar e entregá-lo a outro seguindo o rito constitucional da transição de poderes, conforme estabelecido pela ditadura. Também seria o primeiro deles a falar em “abertura” e “descompressão”, referindo-se à democracia e à ampliação da participação popular nas eleições. Contudo, jamais admitiu governar uma ditadura.
Falou em ampliar as liberdades democráticas, mas cassou deputados e limitou o uso do rádio e da televisão nas campanhas eleitorais. Manifestou-se contra as torturas e dizia valorizar a oposição parlamentar, embora tenha apoiado o extermínio de pessoas que alegava serem uma ameaça ao país e ao “governo da revolução”.
Ele entregaria a seu sucessor o inverso do que recebera. No lugar do crescimento econômico, recessão e dívida externa, e no lugar do estado concentrador e autoritário, aboliu o AI-5, facilitando o caminho para a anistia aos presos políticos e aos exilados que haviam sido banidos do país.
História do Brasil