Habitantes de uma cidade chamada Peaceville experimentam sentimentos de angústia, horror, medo, náusea, vazio, onde um elemento é presente em todas as histórias: a água. A violência das relações, a incerteza do desemprego, a pacificação da sociedade fazem a paixão ser submetida ao cálculo. Esse funcionamento mostra que o trabalho, o desejo e a linguagem estão em crise.
Tem alguma coisa na água é uma alegoria de um pais ferido, num enredo conciso, preciso e ivertido no qual, estagnados, os habitantes só podem vislumbrar alguma mudança se esta vem de fora, por extraterrestres e fantasmas. É um ótimo livro para questionarmos nossa capacidade de transformação, que parece ser impossível com tanta apatia. Tem, certamente, alguma coisa na água, e o leitor fica livre para dizer o que é.
Contos / Literatura Brasileira