Questão de raça tem a força inusitada de um best-seller escrito em tom de sermão profético por um observador participante que é a um só tempo acadêmico, negro, socialista e cristão. O distanciamento propiciado por sua posição polivalente permite que ele critique tanto o economicismo dos liberais como o moralismo dos conservadores, o isolacionismo dos nacionalistas e afro-centristas e a discriminação contra mulheres e gays no interior das próprias comunidades negras. "Restabelecendo a figura do intelectual público nos Estados Unidos, West apela à velha e desprezada força das ideias. Mais do que táticas de ação imediata, este livro oferece uma perspectiva original e polêmica dos conflitos culturais que dilaceram a América. Por mais que sua retórica profética possa nos causar estranhamento, é por meio dela que ele corajosamente enfrenta a pobreza dos espíritos sectários propondo uma noção de multiculturalismo que, para além da segregação das diferenças, permita alguma transcendência."
Esther Hamburger
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