Diante de um auditório lotado, Saviano contou histórias sobre a Itália contemporânea. Falou dos negócios da máfia calabresa em Milão, do lixo que enriquece a Camorra em Nápoles. Descreveu, em detalhes, o processo de intimidação e compra de votos pela máfia em período de eleições com o objetivo de eleger representantes que venham a defender seus interesses. Tratou de uma história que rendeu muita polêmica na Itália: o drama de um homem doente que lutou pelo direito de morrer com dignidade e depois teve proibida pela Igreja uma missa em sua homenagem. Contou ainda o caso dos estudantes que moravam em um prédio construído em desrespeito às leis e que morreram vítimas de um terremoto. As falas de Saviano irritaram o governo, provocaram políticos dos mais diversos partidos e conquistaram o público. O programa superou a audiência do 'Grande Fratello' (o 'Big Brother' local) e de uma partida entre Inter de Milão e Barcelona, em que disputavam a Liga dos Campeões. Além de versões revistas e ampliadas dos monólogos que Saviano apresentou na televisão, o livro traz três ensaios publicados no jornal italiano La Repubblica em 2011. Em 'Autorretrato de um Chefão', o primeiro deles, transcreve as conversas que teve com um ex-mafioso. Acusado de trinta homicídios, Maurizio Prestieri liderou uma facção da Camorra e conta em detalhes como funciona o lucrativo comércio de cocaína, bem como os rituais de sangue da máfia napolitana. Convertido em informante da polícia, Prestieri vive escondido, como o próprio Saviano, que vive sob escolta policial desde que Gomorra foi publicado...