Nas tumultuadas movimentações políticas que antecederam a deposição de João Goulart, dentro do espectro da atuação estudantil, destaca-se uma coletânea de artigos escrita em 1962, pela estudante de filosofia da Universidade do Brasil (hoje UFRJ), Sonia Seganfreddo.
Sonia conta que ingressou no curso pré-vestibular da Faculdade Nacional de Filosofia em 1958, tendo, desde então, contato com o que chama de “catequização comunista”, empreendida por professores e agentes políticos socialistas infiltrados da UNE. Sonia foi convidada pelo jornalista Paulo Vial Corrêa, para escrever uma série de artigos sobre “a propaganda e a atividade comunista no meio estudantil”. Nascia assim, a série de 15 reportagens publicadas sob o título de “UNE – Menina dos olhos do Partido Comunista”, que no ano seguinte viria a dar origem ao livro “UNE – Instrumento de Subversão”.
O livro de Sonia pode ser dividido em três partes. Na primeira, a autora faz uma introdução, apresentando a União Nacional dos Estudantes como uma organização política, que a age a serviço do comunismo internacional e cujas atividades nada tem a ver com a real e legitima representação estudantil. Na segunda parte, a autora faz um competente trabalho resgate da história da União Nacional dos Estudantes. Com base em Relatórios de Gestão, boletins oficiais da UNE e de matérias publicadas na imprensa, Sonia exalta a origem da UNE e o caráter “apolítico” que marcou os seus primeiros anos e a proibição às referências político-partidárias.
Na terceira e última parte, Sonia aprofundada a tese-título do livro, correlacionando os dirigentes da UNE à Cuba e ao Governo brasileiro, principalmente através do ISEB – Instituto Superior de Estudos Brasileiros, que servia como centro difusor do desenvolvimentismo nacionalista de Jucelino Kubitchek e abrigava um quadro de pessoas socialistas em seu interior. Mesmo após tantas décadas, este livro mantém sua atualidade por denunciar uma realidade que se estruturou ainda mais profundamente no seio dos diversos movimentos estudantis brasileiros.
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