“Talvez não termine com o último suspiro, talvez tudo continue para quem foi ceifado de forma não natural.”
As delegacias de todo o país possuem arquivos antigos, guardados em lugares sujos, úmidos, desativados. Lugares por onde as faxineiras não passam, por medo de ratos e baratas.
Nesses lugares, ficam guardados os casos de homicídio que não receberam a devida atenção imediata. Não foram solucionados e ficaram jogados nos armários policiais, indo e vindo do Ministério Público, sofrendo os efeitos do tempo.
Cada um desses lugares, que funciona como túmulo para processos que nunca chegaram a existir e que enterra a história de vidas ceifadas antes do tempo para as quais nunca se chegou a fazer justiça, foi apelidado pelos próprios policiais como Ala dos Esquecidos.
O que esses policiais não sabem ou não querem ver, é que em cada pasta daquela, além de um inquérito, há a história de uma alma que precisa que seja feita a justiça.
O que esses policiais não sabem ou não querem saber, é que se a sede de justiça for maior do que a vontade de descansar, a alma ceifada antes da hora pode ficar por perto para que sua morte não seja esquecida, para que seu criminoso seja capturado.
Almas atormentadas que dividem o mesmo espaço e as mesmas dúvidas, mas vibram em uma frequência diferente, por isso não conseguem ser vistas ou ouvidas a não ser por uns poucos privilegiados.
Crime