Ao longo dos anos 1970, Bourdieu se dedica a várias pesquisas sobre o processo de diferenciação social, visando elaborar uma teoria geral das classes sociais. "A Distinção" aparece como síntese desse período e é considerada, por vários autores, como a obra central na carreira sociológica de Bourdieu. Com o subtítulo importante, "crítica social do julgamento", ele tenta construir a correspondência entre práticas culturais e classes sociais, assim como o princípio que legitima a hierarquia aí implícita.
Os julgamentos de gostos e de preferência não são o reflexo da estrutura social, mas um meio de afirmar ou de confirmar uma vinculação social. Na "Distinção", ele expõe duas ideais centrais e originais: de um lado, as relações de poder como categoria de dominação são analisadas pela metáfora do capital cultural - no qual se apoia o princípio de reprodução social -, de outro, o entrecruzamento das relações de poder com as várias formas de ações organizadas favorece a capacidade dos indivíduos para elaborar estratégias que, todavia, não ultrapassam as relações de desigualdades sociais.
Pierre Bourdieu elabora, assim, um sistema teórico que afirma que as condições de participação social baseiam-se na herança social; O acúmulo de bens simbólicos e outros estão inscritos nas estruturas do pensamento (mas também no corpo) e são constitutivos do habitus através do qual os indivíduos elaboram suas trajetórias e asseguram a reprodução social. Esta não pode ser realizar sem a ação sutil dos agentes e das instituições, preservando as funções sociais pela violência simbólica exercida sobre os indivíduos e com a adesão deles.