Este livro é uma tentativa de colocar a psicologia clínica diante de um oráculo: a complexidade que possa ajudá-la a repensar suas bases epistemológicas quanto à transição de paradigmas que se vive na atualidade. Ele busca inicialmente destacar algumas das contradições presentes nessa ciência, a começar pelas tentativas colonizadoras de seu projeto que, em nome da razão, acabaram por excluir a subjetividade e colocaram o pensamento clínico diante do terrível paradoxo de estudar uma alma sem alma. Tal crítica é atravessada por assuntos polêmicos como a influência do paradigmas dominante, a marginalização de inúmeras noções do universo, as relações de poder na terapia, o problema da teoria e do sentido, a hipnose, a mudança, dentre outros. Entretanto, esse mergulho na polêmica não visa a dar vazão a uma seqüência de querelas infrutíferas, mas simplesmente consiste no reconhecimento de que, por ter nascido em meio a tantas contradições, a psicologia clínica é também o argumento vivo de que o estudo do humano requer, cada vez mais, outras racionalidades. Este é um livro de desconstruções. Estudantes e profissionais da área poderão ver seus pressupostos de trabalho questionados por meio de sua leitura, mas também enriquecidos rumo a novas formas de compreensão da prática e reflexão clínica.