Debaixo das rodas de um automóvel

Debaixo das rodas de um automóvel Rogério Skylab




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A poesia não é mais a mesma. Chega às livrarias pela Kotter Editorial a segunda edição do primeiro livro de Rogério Skylab, Debaixo das rodas de um automóvel, com sonetos marcados pela mesma irreverência apresentada ao público em seus discos. O poeta Skylab, assim como o compositor, é surpreendente, com sua visão de mundo cínica e soturna e seu humor negro escatológico. O autor costuma dizer que compor “é uma distração, um desvio, uma alienação, uma transcendência”. Em suas poesias ele transcendeu. Ao lado do deboche e do escárnio, há momentos de doçura como quando ele fala de seu universo vivido, sua relação com as ruas do bairro de Botafogo, com o shopping center onde ele diz flanar observando as vitrines coloridas e as pernas das moças. Essa relação com a casa, com o quarto, o bairro, o lugar é revelada em grande parte dos sonetos. Outros temas percorridos por Skylab são o tédio, os amores, a solidão, o desterro e a desesperança. Em sua poesia, Skylab consegue descrever de maneira crua imagens, cenários, acontecimentos cotidianos que, de tão corriqueiros, foram banalizados. Situações vividas diariamente sem serem notadas: é desse material descartado no dia-a-dia que ele constrói seus versos, e atira de volta ao leitor perplexo os sentimentos, pensamentos e impressões jogados fora. São sonetos imagéticos: o leitor é capaz de ver o poeta deitado esperando a morte; roubando um livro para abastecer suas cinco estantes repletas de obras furtadas; ou o transeunte pensativo no caminho para o trabalho após observar um atropelado morto-vivo. Pouco auto-indulgente, Skylab diz achar-se horrível, inapelavelmente nu e só em “Feriado Nacional”. Já em “Curriculum Vitae” avisa não ter diplomas, que sua única experiência é ficar sentado no sofá e “de vez em quando escrever à mão coisas de somenos importância” para, debochado, perguntar no final se quem sabe um dia não será aproveitado. Duro e lírico, ao falar de cartas de amor que teria escrito, Skylab diz ter descoberto os memorandos: “rápidos e sem nenhuma sutileza como uma porrada no estômago”. Os versos de Skylab também são como um soco no estômago, mas que deixa marcas sutis em quem lê.

Primavera 2020





Debaixo das rodas de um automóvel

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Skylab é um transgressor. Não porque sua escrita é revolucionária e seus temas transcendentais, mas porque nele há uma verdadeira curiosidade, quase fascinação, na forma como vê as coisas e as transforma em poesia. Sua predição pela vida cotidiana (sempre urbana, sempre Rio de Janeiro) não remete a Chico Buarque; Skylab é tanto nihilista, um tanto zombador demais para que essa comparação possa ser feita. A vida conjugal, o sexo, a família, a casa, o vomito, o cu, o amor, tudo é mara...
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