Leitor e descendente, entre outros, de Poe, Lovecraft, Baudelaire, Lisle-Adam, Quiroga, Nestarez aprendeu a lição dos mestres e soube percorrer uma senda própria, que não desdenha do cotidiano da metrópole paulista mas nem por isso deixa de propor voos mais ousados, numa poética autoral iniciada com seu primeiro livro de contos, Sexorcista e outros relatos insólitos, noturnamente reflorescida neste Horror adentro.
Nos treze contos do novo livro, detectamos algumas reminiscências do anterior (temáticas e estilísticas), especialmente no que toca ao plano das sensações dos lugares, das relações entre o insólito e o erotismo, do estranhamento em países longínquos, do cotidiano prosaico que ganha ares sobrenaturais, das potencialidades sugeridas pela música e uma série de outros motivos que vão consolidando seu percurso autoral.
Chama-nos a atenção a maneira pela qual consegue desenvolver a contento as ideias mais esdrúxulas, ou seja, os temas e os recursos estilísticos/genéricos de que lança mão. Nestarez prende o leitor até a última linha do conto, curioso para ver como se dará o desenlace da narrativa. E este é sempre recompensado (...).
André de Sena, crítico literário.