Debora Laurito, engenheira formada atinge uma maturidade, no intermédio de uma idade que lhe permite refletir o tempo passado, as vontades juvenis de uma época envolta em grandes sonhos, e ao mesmo tempo, esperar com frescor por novas experiências, novos conhecimentos. Tendo esta filosofia como mentalidade para experimentar a vida e cada vez mais, evoluir, a autora fala em seus poemas que se sente feito água, fluída, jamais fechada para a as oportunidades de reconstruir suas velhas verdades e pensamentos, “não sei do que essas pessoas são feitas, / se de pó ou cimento. Eu sou mesma formada por água”. Como a escritora se enxerga em frente ao espelho com a face mais madura, embora ainda se sinta passível a vivenciar novidades, já conhece o funcionamento do mundo capitalista, temática recorrente em seus poemas, aparecendo algumas vezes discretamente feito pensamento a escapar, incontido, nas temáticas variadas, como se, o sentimentalismo frente a frivolidade do mundo, fosse uma sombra a pairar todas as suas reflexões. A autora, diz que aprecia tesouros mais imprescindíveis, apontando para uma herança que deseja receber da vida, uma herança fundamental de não colecionar verdades absolutas, pensamentos, acumulações, e sim, ser sempre simples e infinita como a natureza, “Ser rico de dinheiro nenhum, / ser pobre de vida vazia, / ser próspero de cores azuis...” A obra de Debora cinge dois mundos nitidamente movidos por fundamentos bem distintos; um, o mundo feio, do asfalto, da falta de afeto, e o outro, um universo eterno e aparte, que não se extingue de todo, pois é muito mais sutil e subsiste, mesmo, que aparentemente soterrado por pisadas inconscientes de pessoas indiferentes: o mundo dos detalhes e da poesia.