Publicado em 1973, O caso Morel é um livro aberto a diversas leituras. Romance policial, investigação sobre os limites do desejo, experimento narrativo, o primeiro romance de Fonseca parece um jogo de espelhos, em que os personagens se desdobram em dois, e também a história e o próprio narrador se dividem, sem que saibamos quais são os originais e quais são os reflexos.
Paul Morel é um artista de vanguarda que está preso pela suspeita de ter matado uma de suas namoradas. Na cela, recebe a visita do escritor Vilela, ex-delegado que já aparecera no conto final de A coleira do cão, publicado em 1965. Enquanto Morel pede ao escritor auxílio para escrever – não sabemos se um romance ou sua autobiografia –, Vilela enxerga no artista paralelos com sua própria vida. O que lemos é o entrelaçamento de duas narrativas paralelas: ora estamos diante do manuscrito de Morel, ora é o narrador que assume a história. Até que, no final, as tramas se encontram em uma conclusão brilhante.
Neste romance curto, Rubem Fonseca desenvolve muitos dos temas de seus contos, como a arte, o sexo, a violência, a moral e a relação do homem com o mundo que vive.
Autor: Rubem Fonseca nasceu em 1925 e é autor de 25 livros, dentre os quais romances, novelas, coletâneas de contos e O romance morreu, que reúne crônicas publicadas no Portal Literal. Entre suas principais obras estão Lúcia McCartney (1969), O caso Morel (1973), Feliz ano novo (1975), A grande arte (1983) e Agosto (1990). Em 2009 publicou seu primeiro livro pela editora Agir, O Seminarista. Recebeu cinco vezes o prêmio Jabuti e em 2003 os prêmios Juan Rulfo e Camões.