Nos últimos anos, a Internet se consolidou como uma rede descentralizada, em que ativistas e cidadãos podem se organizar de maneira livre e escapar do domínio de governos e corporações. Essa função libertária se tornou um atributo essencial para a cidadania hoje, mas é ameaçada por um lado desconhecido de serviços de busca. Em O filtro invisível, Eli Pariser, presidente do conselho da MoveOn.org, um dos principais portais de ativismo on-line, mostra que não temos tanta autonomia quanto pensamos em nossa navegação pela rede digital.
Pariser apresenta de que modo site como Google, Facebook, Amazon constroem, em torno de cada usuário, um filtro formado por algoritmos que personalizam as buscas efetuadas. Criado a partir dos termos digitados pelos internautas e suas supostas preferências, esse filtro impede que se tenha acesso ao conteúdo total da web: apenas aquilo que essas empresas acham que desejamos é exibido. E o enorme banco de informações que as pessoas produzem ao inserir seus dados pessoas é usado por esses sites na venda de espaço para propagando dirigida, também ela “personalizada”, sem consentimento prévio.
Embora descortine a face escura da web, O filtro invisível não é um livro contra a Internet, mas sim a favor de que ela retorne seu objetivo inicial: proporcionar uma plataforma aberta para a difusão do conhecimento. Não é tarde para mudar o rumo, e Pariser explica o que cada um de nós, assim como as empresas, pode fazer para torná-la mais livre e democrática.