O Paraíso Reconquistado (Paradise Regained) de John Milton é a segunda parte de uma obra maior, que se inicia com o Paraíso Perdido (Paradise Lost); sua construção muito mais breve de 4 cantos, tem cerca de 2.000 versos, onde vemos a retomada da vida eterna 'anteriormente pedida no pecado original de Adão e Eva' no embate entre Jesus e Satã no deserto, após uma série de três tentações e suas respectivas refutações. Esta épica curta, marcantemente dialogada, é uma das obras primas da maturidade do bardo inglês, onde podemos ver o ápice da sua poética latinizante, ao mesmo tempo em que Milton revela a profundidade sua formação teológica (como autor de tratados teóricos sobre questões bastante disputadas na época). Os problemas levantados, a respeito de fé, ética e saber, estavam em grande sintonia com as grandes mudanças porque passava a Europa e a Inglaterra naquele período (a Reforma, a revolução copernicana, as crises monárquicas, etc.) e permanecem como pontos centrais de interesse para o leitor moderno, mesmo que não tenha uma prática religiosa cristã; já que trata da posição do homem num novo mundo de saber. Por muitos, Milton é ainda visto como o maior poeta de língua inglesa do séc. XVII, ou até como o maior poeta da língua.