Fernanda.Lima 06/01/2021
Família, dinheiro e escândalos
"Era como se uma força maligna tivesse saído da água profunda naquele dia de 1866 e entrado em suas vidas, fazendo aflorar as paixões sinistras que acabaram por arruiná-las: o ódio, a ganância, o egoísmo, a crueldade que fomentaram a fraude, a bancarrota, a doença e o assassinato".
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Um acidente no lago de uma escola de elite inglesa na segunda metade do séc XIX é o evento que desencadeia uma união perigosa que repercutirá pelas décadas seguintes e abalará todas as vidas ao redor. Como uma pedrinha jogada na água de um rio, e vai criando várias ondas sucessivas e maiores.
Traições, mentiras, assassinatos... personagens que vão cometendo erros e crimes cada vez mais sérios, se implicando cada vez mais de forma que não tem como voltar atrás.
O contexto histórico social é tenso, confuso, um momento que exigia mudanças. A nobreza cada vez mais pobre e decadente disputa influência com as famílias banqueiras, donos de fortunas, que financiam economias inteiras pelo mundo. O equilíbrio era tênue e as consequências catastróficas.
Os contornos de influência do Estado na economia também começam a ser discutidos. Associações trabalhistas, direitos do trabalho e proteção de renda já tem algum contorno sendo definido nesse momento.
Pessoalmente fiquei sentida em muitos momentos desse livro. É ver aquela lição já tão batida tomando forma: nossas ações tem consequências importantes na vida das pessoas, e também as omissões. O cuidado com o outro, com o próximo, essa saída do nosso individualismo tão venerado ainda nos nossos tempos torna-se mais necessário do que nunca.
No fim, mesmo que as pessoas tenham de volta aquilo que merecem, o estrago está feito e as oportunidades já foram perdidas. Precisamos de responsabilidade com todos que influenciamos.
Ken Follet com sua narrativa e ritmo que vão aquecendo a cada página conseguiu nos dar o espetáculo e a decadência da sociedade londrina desta época.