angel 01/02/2013
Dezesseis Luas
Imagine uma cidade pequena, na qual não existem segredos familiares, até mesmo o carteiro tem acesso ao conteúdo das correspondências dos moradores e nem se dá ao luxo e lacrar novamente, pois já é do conhecimento da pequena população a forma em que um consegue a informação, para manter o restante atualizado. Em Gatlin, uma cidade localizada na Carolina do sul, é exatamente assim que funciona, um lugar em que não acontece nada de interessante, não há privacidade e há muito preconceito com pessoas que vem de fora.
Um lugar pacato como este, receber a sobrinha de Macon Ravenwood, considerado o morador recluso da cidade, é demais para esse povo. Lena Duchannes, uma garota de 15 anos, trás certo desconforto na escola e na cidade, por sua beleza e por sua herança genealógica, e juntamente com sua chegada, toda a calmaria deixou de existir. Lena é diferente das pessoas “normais”, mesmo sendo uma menina bonita e inteligente, trás consigo toda uma bagagem de poderes que não sabe controlar e atrelado a isto, uma reviravolta na cidade.
Para nossa alegria, a história é contada na perspectiva de Ethan Wate, gostei bastante, já que mesmo não tendo o ponto de vista de Lena, eu particularmente a achei chata, e em vários momentos irritante com o seu comportamento. Ethan adora livros, isso mesmo, adora ler e ainda marca os lugares em ocorre o enredo para que possa futuramente conhecer. Já me apaixonei por ele nas primeiras páginas (risos).
Ethan é um rapaz que apresenta muita vontade de mudança, não se sente pertencente a essa pequena cidade, pois enquanto as pessoas ainda revivem ano após ano o único evento marcante da cidade, ele tem desejo de algo mais para sua vida. Entretanto, por meio de sonhos e outras circunstancias que ocorrem, Lena e Ethan se veem em uma forte ligação, a qual se dá por meio das comunicações verbais e não verbais e muitos outros mistérios que as autoras vão desvendando no decorrer da leitura.
Para aqueles que curtem muito mistérios, maldições e feitiços, assim como personagens sobrenaturais Lena e sua família, mortais porem cativante como as tias de Ethan, é um prato cheio. Esse casal protagonista se vê no meio de uma trama na qual não podem contar com o conhecimento das pessoas das quais eles confiam, pois estas com o intuito de proteção os deixam no escuro, e pela própria sobrevivência do romance, buscam encontrar respostas e a cada passo o que vão descobrindo, mostra o quão ignorantes permitiram deixa-los nesse mundo tão cheio de fenômenos importantes para ambos.
"Em determinado momento, mergulhamos tão fundo que não temos escolha além de nadar no meio, se é que há chance de chegar ao outro lado."
O romance existente no livro me deixou em conflito, uma relação de amor e desamor, vamos dizer assim, pois mesmo sendo no ponto de vista do protagonista, Lena conseguiu demonstrar o quanto às “meninas” são chatas, há um momento, que o próprio protagonista demonstra que tá chato o comportamento dela, adorei claro. Mas o amor sempre vence, mesmo sendo uma história de amor, cheia de altos e baixos, o que já se espera desses livros teen, não consegui desgrudar da leitura. Há toda aquela promessa que no fim já não sei mais se gosto ou não de amor eterno, de que não conseguirá viver sem o outro, por exemplo:
“Mesmo perdida na escuridão, meu coração irá encontrar você.”
Adoro uma história de amor, mas não suporto quando colocam personagens, ainda mais quando são adolescentes, considerando o amor tudo ou nada. Como se na vida houvesse apenas uma possibilidade, uma única pessoa que seja capaz de amar e ser amada por cada indivíduo. Discordo completamente disso, pois é exatamente esse tipo de desenvolvimento que tem passado a impressão negativa dos relacionamentos amorosos na literatura.
O enredo é muito bom, o protagonista bem pé no chão, acredito que se as autoras conseguirem dar mais ênfase na dinâmica do casal para esse lance de maldição, luta entre trevas e luz, será uma história muito boa. Vamos ver o que está reservado para os leitores em Dezessete Luas.
"A escuridão, a verdadeira escuridão, era algo além da pura ausência de luz."