Nina 25/05/2011Chorar é tornar menor a profundidade do sofrimento.Antes de começar essa resenha, quero deixar um recado ao autor desse livro:
"Senhor Marcos Bulzara,
o senhor me deve um litro de soro fisiológico para que eu possa me recuperar da extrema desidratação que sofri de tanto chorar lendo esse livro."
Sério mesmo, peeps! Chorei muito com esse livro, porque há muito tempo não lia nada que me tocasse tão profundamente como a história de Doran Visich. Mas não é aquele chorar triste, que te deixa pra baixo, pois quando a gente termina a história a gente chora por perceber o tamanho da lição de vida presente nessas páginas.
Doran Visich é um judeu polonês que nasceu em 1925 num vilarejo próximo a Gniezno. Ele vivia na zona rural de uma das regiões mais belas da Polônia, com seus pais e dois irmãos. Eles levavam um vida muito humilde e com muito trabalho, porém rica em amor. Doran estuda na escola rural do vilarejo e se destaca por se extremamente inteligente, sem saber que essa inteligência vai mudar sua vida de forma definitiva. Nessa fase, nos comove a enorme amizade entre Doran e sua irmã caçula, Constantine.
No ano de 1940, o vilarejo é vítima de uma emboscada nazista. Doran vê os soldados alemães assassinarem sua família e é levado a um campo de concentração, abandonando Constantine escondida em uma árvore. No campo, ele é cobaia no teste de um medicamento poderoso, capaz de apagar a memória de quem o usa. O número tatuado em seu braço - 312565 - o ajuda a se lembrar quem ele é, a manter a cabeça erguida e suportar os sofrimentos com estoicismo. Em 1944 Doran é transferido para Auschwitz e ele conhece Gunther Gohart, um alemão que percebe a imensa capacidade intelectual de Doran e o ajuda a sobreviver no campo.
Teminada a guerra, Doran vai trabalhar em segredo com o professor Augusto Millen no desenvolvimento do D-45 Amnol, a Droga do Esquecimento, mas o professor é assassinado e Doran e Isabel (filha de Millen) se vêem envolvidos nas disputas pela Guerra Fria entre EUA e URSS, ambos interessados em controlar a nova droga.
A história continua cheia de ação e muita emoção, não vou contar mais porque não vou soltar spoillers (mais?!?, sim tem muito mais!), então se quiserem saber sobre a saga de Doran Visich, leiam O Arquiteto do Esquecimento. Só adianto uma coisa: ele sofre! E como ele sofre! Mesmo porque ele vive por 113 anos! E quando você que ele não tem mais nada a perder, que tudo de ruim que poderia acontecer já aconteceu, eis que ele leva mais uma pancada da vida.
Mas acho que a grande lição desse livro é justamente esse sofrimento todo que Doran é vítima, porque ele poderia se revoltar, se tornar uma pessoa amarga e mesquinha, mas não! Ele continua sendo um grande homem com um coração maior ainda. Tanto que o livro termina com ele praticando um ato de amor estupendo, que quase me faz afogar nas próprias lágrimas!
Me fez lembrar de uma frase de Jean-Paul Sartre que dizia que não importa o que as pessoas fazem com você, mas sim o que você faz com o que as pessoas fazem com você. Ou seja, não importa o que te acontece e sim a maneira como você reage a esses acontecimentos.
Entenderam porque eu disse que é um livro que te faz chorar mas de um choro bom?
Recomendadíssimo!
Resenha postada no meu blog Pronto.Falei! http://ninattavares.blogspot.com/2011/05/o-arquiteto-do-esquecimento-marcos.html