Joao366 04/05/2020
Um livro sobre consequências, e o que elas causam na nossa vida e na vida de quem amamos
Escrito por Kim Edwards, O Guardião de Memórias conta a história de como uma escolha pode assolar não só a vida de quem a realizou, mas também a de quem está envolvido direta ou indiretamente a ela.
Em 1964, durante uma nevasca, Dr. David Henry realiza o parto de sua esposa, Norah Henry, com a ajuda de uma enfermeira, Caroline Gil, dando luz a gêmeos: Paul, que nasce em condições típicas, saudável e "perfeito", e Phoebe, que nasce com leves traços de Síndrome de Down, caracterizando-a como "imperfeita" e "doente".
Atordoado por lembranças de seu passado, David pede para a Caroline levar Phoebe a uma instituição que cuida de pessoas como ela, matando assim a existência de sua filha para Norah e lacrando um segredo entre o médico e a enfermeira.
Após o acontecido, Norah e Paul seguem suas vidas com a sombra de uma irmã supostamente morta pairando o tempo todo sob suas cabeças, enquanto David tentava lutar contra as consequências de sua escolha.
A condição de saúde de Phoebe foi um disparador para que David Henry retratasse um pensamento retrógrado, mesmo no âmbito profissional, referente às capacidades que a menina pudesse ter ao longo de sua vida, afirmando inconscientemente que doença é sinônimo de incapacidade.
"A expressão de Phoebe ganhou um toque de decepção tão intenso quanto a alegria anterior. Volátil como o mercúrio - o que quer que ela sentisse a cada momento era o mundo inteiro."
Kim Edwards traz, em sua escrita, traços extremamente detalhados e perfeccionistas sobre as cenas que acontecem diante dos personagens que, por muitas vezes, soaram cansativas, mas que ao mesmo tempo trazia um toque mais íntimo e acolhedor sobre como cada personagem se sentia no momento do contexto.
É uma leitura que flui em certos momentos, principalmente quando Bree, irmã de Norah, está interagindo com ela, e esses são alguns dos momentos que nos trazem a carga familiar que tanto é exposta nesse livro, e nos tantos conceitos existentes de amor que podem ser até maiores do que o significado da palavra em si, seja por uma filha que a mãe nunca viu, por um gatinho que entrou dentro de um cano de esgoto ou por um pai que pensou ter feito o melhor por sua esposa, ao poupá-la da dor de ver a mesma cuidar de uma filha "retardada".