Julio503 27/02/2024
Amor e Perversão
Entre Veltchanínov e Pável Pavlovítch, não existem tantas diferenças assim, como o próprio narrador faz questão de evidenciar ao fim do livro. Ambos são incomuns, avessos a normalidade, profundamente mesquinhos mas, acima de tudo, perversos, cada um a sua maneira.
Em meio a amores proibidos, traições, revelações, e até mesmo uma tentativa de assassinato, vemos uma história incomum sendo desenrolada, onde as intenções não parecem ser, seja de qual lado for, muito claras ou definidas. Tudo parece mutável, as emoções extremamente voláteis, com a única certeza sendo a de que existem dois lados, onde nenhum tem o privilégio de se chamar de certo, ou o demérito de se chamar de errado. Ambos estão perdidos, confusos e, mesmo com atitudes moralmente questionáveis, só pode se ver dois homens e suas histórias que, quando se entrecruzam, geram atrito (muito atrito) e caos.
É um livro inteligente, sagaz, de um humor sórdido, que elabora não só a ideia do marido traído, mas também do medo de ter a traição descoberta por parte do traidor, das consequências dos atos do passado e do presente, e de como as aparências, por vezes, parecem ter o único intuito de enganar, fazendo paixão ter a imagem de ódio.