Dida 09/01/2024
Além de um livro sobre os horrores do apartheid, esse é um livro sobre o amor de uma mãe, e da força dessa mãe, para fazer com que seu filho não seja mais uma vítima dos horrores do racismo e seus aliados. Eu aprendi muito sobre a África do sul nessa leitura, e sobre o apartheid em si, informações que não vemos nos livros da escola, que nao vemos praticamente em lugar nenhum. A escrita do Trevor é fluida, muito tranquila de ler, mas os assuntos nem sempre são fáceis. Entender como foi a construção do país e o que significou para os povos originários de lá e para os cidadãos que se originaram da mistura e tiveram que lidar com as leis absurdas é pesado, triste e te faz refletir muito.
"Cada país acredita que sua história a mais importante, e isso vale especialmente para os ocidentais. Mas, se os negros sul-africanos pudessem voltar no tempo e matar uma pessoa, Cecil Rhodes viria antes de Hitler. Se o povo congolense pudesse voltar no tempo e matar uma pessoa, o rei Leopoldo da Bélgica viria muito antes de Hitler. Se os nativos norte-americanos pudessem voltar no tempo e matar uma pessoa, provavelmente seria Cristóvão- Colombo ou Andrew Jackson.
É comum encontrar ocidentais que insistem que o Holocausto foi, sem sombra de dúvida, a pior atrocidade da história humana. Sim, foi algo terrível mesmo. Mas fico me perguntando: E as atrocidades cometidas na Africa, como as do Congo, também não foram terríveis? O que os africanos não têm, mas os judeus têm, é documentação. Os nazistas mantiveram registros meticulosos, tiraram fotos, fizeram filmes. E aí está a explicação de tudo. As vítimas do Holocausto contam porque Hitler as contou. Seis milhões de mortos. Podemos todos verificar os números e nos horrorizar, com razão. Mas, ao analisar a história das atrocidades contra os africanos, não há números, apenas suposições. Fica mais dificil ficar horrorizado com um palpite. Quando Portugal e a Bélgica estavam saqueando- Angola e o Congo, eles não contaram os negros que foram massacrados. Quantos negros morreram retirando latex das seringueiras no Congo? E nas minas de ouro e diamantes do Transvaal."