Paisagens Literárias 04/02/2020
Um livro para ser sentido e não pensado
Esse livro aborda um retrato de uma família marcada pela separação dos caminhos de seus membros. É um romance que trabalha com trauma e memória; e, nele os traumas são os mais diversos: diáspora, racismo, amor, abandono, abuso, entre outros. Além disso, possuí narrativa que como um todo aborda o deslocamento atrelado a imigração na formação da personalidade dos personagens. É uma história que transita entre a África, principalmente Gana, e os Estados Unidos. Os personagens Kweku e Folasadé nasceram respectivamente em Gana e na Nigéria, ambos se mudam para os Estados Unidos, onde se conheceram, casaram e formaram uma família com seus quatro filhos. Em certo momento, Kweku acaba voltando a Gana e se auto exilando em Acra onde acaba falecendo. Nesse contexto, após muito anos a notícia de sua morte reaproxima os laços da família que ele abandonara anos atrás. A autora, a partir dos danos emocionais sofridos pelos indivíduos dessa família com essa autuação aborda muitas questões psicológicas dos personagens em sua narrativa. Esta permeia tanto o presente quanto o passado, através de um estilo poético e denso, utilizando-se de lembranças vagas e metáforas. Esse estilo acaba por deixar o texto um pouco confuso para o leitor. Isso porque, o narrador, apesar de ser em terceira pessoa, através do discurso indireto constrói uma obra subjetiva. A sua narrativa como um todo possuí uma linguagem bastante sugestiva e não objetiva mesmo não se tratando de poesia e sim de um romance; assim, antes de entender de forma racional a obra a autora nos faz primeiro senti-la, o que para mim foi uma experiência bastante diferente. Dessa forma, tendo como fundo uma série de questões políticas e sociais, que fornecem um contexto ainda mais elaborado para a trama, a autora nos envolve no efeito psicológico destas em seus personagens. E no fim, nos mostra superação no amor incondicional.
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