spoiler visualizarConça 18/02/2020
Minhas impressões, opniões e sentimentos...
5 estrelas!
Ao curador José Eduardo Agualusa, só tenho motivos para agradecer por me proporcionar essa leitura extraordinária e extremamente impactante.
Taiye Selasi, autora dessa obra de grande magnitude, teve como mentora Toni Morrison, além do mundo literário, Taiye se aventura no universo da fotografia e cinema.
Filha de pai ganense e mãe nigeriana. Nasceu em Londres, foi criada em Boston e viveu com o pai na Índia, morou em cidades como Acra, Nova York e Roma, atualmente reside em Berlim.
O romance de Selasi me causou uma primeira impressão que seria sofrido e cheio de cacos de vidros que iria precisar de restauração. Será possível? Só lendo para desmitificar impressões precipitadas ou não.
Todo enredo de Adeus, Gana, é narrado a saga de uma família que precisa fazer as pazes com passado após a morte de seu patriarca. Revisitando situações traumáticas e analisando suas reverberações no presente, cada personagem busca a redenção à sua maneira, em um enredo que é cercado de forma delicada e frágil teia que forma uma família.
Narrado na terceira pessoa, o romance é dividido em três partes: partido, partida e partiu. Em forma de prosa poética o leitor descobre várias metáforas nas entrelinhas, servido como receita para vencer e encarar questões como: abandono, traumas, amor, racismo, desigualdade...
No começo tive certa dificuldade para acompanhar a leitura com essa narrativa e com cronologia fragmentadas. Na segunda parte já estava sendo apresentada aos demais personagens e fui criando expectativas para entender o que envolve cada um em sua individualidade. Kweku, patriarca da família, após sua demissão sem justa causa, abandona Fola e os filhos: Olu, os gêmeos kehinde e Taiwo, e Saide. Envolvendo todos em sentimentos de rancor, revolta, angústia e traumas de diversas natureza, entre outros sentimentos negativos.
Minhas impressões iniciais se confirmam quando percebo essa família devastada com seus passados, sem proteção e em busca de um amor protegido. Mais ainda, em busca do reduto familiar verdadeiro. Na minha opinião, a frase que mais me comoveu nesse romance, foi a fala de Taiwo:
?Não me deixe ainda, por favor. Não me deixe.?
Um apelo, um pedido de conforto, um grito de todos nós. Chega o momento de perdoar e ser perdoado, a resignação. A comunicação dos gêmeos em uma voz silenciosa que somente eles são capazes de compreender, também me comoveu muito. Foram vários sentimentos vividos por cada um desses personagens que me transportou para o mundo real e, desencadeou um pedido de socorro interno com o olhar para o amanhã antes da partida.
Recomendo a obra com essa frase:
?Não podíamos ter apreendido? A não partir??
Vale considerar que o design da capa está espetacular de linda, a revista foi de uma contribuição sem palavras para definir. O mimo mais que rico para organizar e planejar um ano cheio de mais leitura. Dessa vez, não tive tem ?ainda? de ouvir a playlist que acompanha a leitura e que tanto me faz ficar leve e flutuar nessa aventura.