Aline 12/06/2021
Romance histórico ?
Sempre, SEMPRE, instigador! Ainda que saibamos o final das coisas, os romances históricos da Phillippa Gregory são insuperáveis.
Lembro, inicialmente, que este livro faz parte da Série Tudor da Phillippa Gregory (que, baseado em fatos reais, entrelaça o leitor nas intrigas da corte inglesa do Sec. XVI, quando Henrique VIII casou-se 6 vezes e foi de alguma forma responsável pelas mortes de 4 de suas esposas).
Em A Herança de Ana Bolena, livro posterior a A Irmã de Ana Bolena, vemos como ficou a corte inglesa após a morte desta, que foi uma das rainhas mais icônicas da Inglaterra por diferentes razões.
Aqui a história nos é contada com 3 narradores diferentes:
- Jane Bolena, antiga Jane Parker, que foi casada com George Bolena e, portanto, cunhada de Ana Bolena. Ela foi uma das principais testemunhas que levaram seu marido e sua cunhada à condenação por traição e ao cadafalso. Durante o livro ela ~ tenta ~ justificar suas ações e, como dama mais velha e conhecedora da corte inglesa e seus costumes, serve às duas próximas rainhas de forma próxima. Após tudo o que passou, o livro ainda mostra que sua antiga ambição não desapareceu.
- Ana de Cleves, a quarta rainha. Antes dela o rei casou-se com Jane Seymour, que morreu no parto de seu único filho homem (não há livro na série sobre ela). Ana foi enviada de uma região na Alemanha para que se firmasse um acordo político. Mas, após casar-se, o Rei não gostou muito dela (dizia que ela era feia e gorda e que ela não conseguia excitar-se com ela para consumar o casamento). Ela aceitou o divórcio e o acordo que o rei propôs. Assim, foi a única rainha que o rei deixou que vivesse.
Por causa da Ana de Cleves, o tema religioso - especificamente sobre a Reforma Luterana e o abandono dos costumes católicos pela Inglaterra - é bastante abordado neste livro. Vê-se como o rei, ao romper com o Papa e criar a Igreja da Inglaterra, tornou-se extremamente tirano, nada poderia limitar seu poder. Além disso, tomou toda a riqueza da Igreja Católica na Inglaterra.
- Catarina Howard, a quinta esposa, uma linda garota de 14 anos bem "pra frente". O livro se inicia com a Catarina narrando como seu amante entrava no quarto das meninas e se deitava com ela. Foi retratada no romance como uma garota extremamente fútil, tola e 'vadia', que não compreendia a realidade; até mesmo quando foi condenada a morte ela achou que tudo não passaria de um jogo.
No final de cada livro, a autora indica os fatos narrados que foram inventados por ela no romance ou mesmo fatos que não passam de breve especulação. Ela escolheu, portanto, a personalidade destas três mulheres, mas alerta que Jane Bolena foi realmente a principal testemunha na acusação de seu marido e cunhada; Ana de Cleves realmente foi a única que o rei deixou que vivesse; e Catarina Howard teria realmente traído o rei.
@lendocomaline