Bekah Abreu 03/09/2015Há beleza até nas lagrimas mais tristes. Há calor no gelo mais frio. Mesmo doendo, o coração ainda bate.Sempre fui louca pela cultura Japonesa, então livros japoneses sempre me atraem (Menos ‘ Memórias de uma Gueixa’. Não me conquistou). Um dia, como quem não quer nada, lá estava eu numa área de caça (biblioteca), quando de repente encontro uma presa perfeita (livro)! ‘A Plebeia’, prometia uma história dura, mas cheia de delicadeza. E foi isso que ela cumpriu!
Haruko foi uma menina que cresceu vendo momentos históricos e fortes em sua terra, o Japão. Ela sempre se achou uma menina amada, mas perfeitamente normal. Cresceu num seio familiar feliz e se tornou uma jovem forte e cheia de vida e opiniões. Sua ‘normalidade’ é quebrada ao conhecer o príncipe herdeiro, num simples jogo. E algo que deveria ser passageiro, evolui para um conto de fadas real. Porém a realidade e os contos de fadas não consegue permanecer juntos, por muito tempo e logo Haruko começa a sentir os efeitos de sua decisão. O amor perdoa tudo? Aguenta tudo? Ou ele se torna mais uma joia de uma pesada coroa?
Então, quando vi esse livro, fiquei com um medo enooorme, por causa do autor. É difícil passarmos o sentimento de um personagem, mas de uma cultura em si é dificílimo. Porém o autor me surpreendeu muito, pois sua escrita é de uma poesia forte e tem horas que você fica com lagrimas nos olhos de tanta beleza. E de tanta tristeza.
Amei a pegada da história que fica sempre entre o real, pois teve coisas históricas e baseadas na história e no ficcional. Tudo é tão envolvido, que ao fim eu fui atrás para saber se aquilo tudo não era real. Sinceramente as cenas de guerra, sendo essas, a antes da guerra e depois dela, foram tão profundas que me tocaram. Parecia que o autor tinha vivenciado aquilo. Eram pequenas coisas que mostravam grandes sentimentos.
A história é totalmente focada na Haruko, não só na vida dela como princesa, mas na vida inteirinha dela. Acho mágico observar todo um crescimento e por isso, notamos algumas dificuldades da principal em se adaptar a nova vida.
Amei a forma realista e, às vezes, dura da escrita. Algumas histórias que retratam coisas parecidas, sempre me pareceram irreais demais, centradas num romance e não numa vida. Nesse livro vemos de tudo um pouco, onde os culpados e inocentes estão unidos num só ser humano: nós.
Os personagens são levados pelas dores que um dia se tornam lembranças, mas que os marcam e os transformam. Sentimos a rigidez da corte, a prisão do príncipe, a escravidão dos holofotes, e a tristeza de quem não se adequa. Além da saudade, dos que estão de fora daquela ‘vida perfeita’. E o que seria a perfeição? O livro aborda muito a busca por ela, coisa que vemos muito na cultura oriental, mas que por vezes, derruba sonhos e sorrisos.
E o fim foi realmente lindo! Não vou dar ‘spoiler’, mas realmente deu uma sensação nostálgica e ou mesmo tempo, cheia de esperança. Como se fosse uma quebra de perfeição, mas ao mesmo tempo mostra a beleza humana, onde os humanos são perfeitos, por sua imperfeição.
Não encontrei um ponto negativo que derrubasse a poesia, sentimento e história da obra. Eu fico surpresa como tão poucas pessoas conhecem! Terminei o livro seca de tanto chorar e acho que esse é o único ponto negativo.
Então, se esta procurando um livro sensível, numa cultura diferente, com noções históricas e história bem construída, esse é seu livro!
Bye bye, leitores viciados
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