spoiler visualizarDIRCE 17/07/2011
Alegria emprestada
Bem, devo começar esclarecendo que sou abstêmia, portanto, não estou embriagada e, tampouco, "cheirei"( risos), e , realmente, eu não sei por que cargas d´água isso foi me acontecer, mas o fato é que, durante a breve leitura deste livro ( ele possui apenas 79 páginas),senti uma alegria semelhante àquela quando, eu, adolescente, ao encontrar o senhorzinho do realejo sempre pagava para ver minha sorte.Com o coração aos pulos, ouvia a musica ( que provocava encantamento), e aguardava a avezinha (periquito?) tirar um cartão que sempre trazia uma promessa de felicidade que afagava minha alma S ó que, logo, "caía a ficha", e eu me perguntava: a felicidade vem de um cartãozinho?
Pensando bem, talvez, essa minha "viagem" nem seja motivo para tanto espanto, pois se para mim a felicidade poderia vir do cartão de um realejo,para Momo o menino judeu que vivia na Rua Azul ( que não era azul) em Paris, encontrou na amizade travada com o árabe que não era árabe - Sr. Ibrahim - a sua promessa da felicidade. Bem pelo menos é essa amizade que tira Momo de um caminho tortuoso e torna menos penosa a companhia com seu pai - um judeu taciturno que vivia apontando os "defeitos" de Momo e comparando-o com Popol.
Por outro lado, essa amizade também é para seu Ibrahim uma promessa de felicidade: Seu Ibrahim é feliz por ter Momo ao seu lado e por saber o que tem dentro do seu Corão.
O livro tem passagens tristes, mas Momo, apesar do título do livro trazer o nome do Sr Ibrahim, "rouba a cena" com suas "tiradas" hilárias. O re-encontro com sua mãe é a um só tempo comovente e zombador.
Mas tudo são promessas de felicidades, venham elas de onde vier. Pode vir de um cartão de realejo, pode vir do conhecimento do que está dentro de um Corão ( no do Sr. Ibrahim havia uma carta do seu amigo Abdullah e 2 flores secas) A carta, com certeza, representava o quanto Seu Ibrahim valorizava a amizade, mas e as duas flores secas?
O que representariam elas? Representariam PAZ? Representariam RESPEITO pelas diferenças o que possibilitaria uma convivência harmoniosa entre os homens independente de religião, etnia etc, etc...? Não sei. De qualquer forma são apenas suposições, mas, que ainda assim, me emprestaram, enquanto durou a leitura, uma alegria inebriante , já que na ficção, as promessas se tornam realidade.