Resenhas - Um, Nenhum e Cem Mil

Cah 11/01/2022

"E desde então me fixei neste propósito desesperado: de perseguir aquele estranho que estava em mim e que me escapava, que eu não podia fixar diante de um espelho porque logo se transformava em mim tal como eu me conhecia ? aquele um que vivia pelos outros e que eu não podia conhecer, que os outros viam vivendo, e eu não. Também eu queria vê-lo e conhecê-lo tal como os outros o viam e conheciam. Repito: ainda acreditava que esse estranho fosse um só, um só para todos, assim como pensava ser um só para mim."

bernardo 11/01/2022

Incrível
Admito que foi um desafio terminar esse livro. Enrolei muitas vezes por não ser algo que tenho o costume de ler, mas devo admitir que, mesmo complexa, a forma de escrita de Pirandello é perfeita.
Entender que o outro nunca terá para sua realidade a mesma pessoa que você tem pra si é tanto assustador quanto fascinante. Perceber que, mesmo no reflexo espelho, vemos cem mil outros de nós que não vivem, se não em outras pessoas, e o eu que vive, vive sem se ver, mostra realmente que conhecer-se é morrer.
"Pensamos que nos entendemos, mas não nos entendemos de modo algum"

Marcus 09/01/2022

Obra provocante, com um episódio forçado
Vitangelo Moscarda vê sua vida virar de pernas para o ar quando sua mulher comenta que seu nariz é ligeiramente torto. A partir dessa constatação, o personagem - herdeiro de um banqueiro muito bem sucedido - passa a refletir como a consciência que tem de si não é necessariamente a maneira como as demais pessoas o veem.

A partir desse momento, Moscarda passa a questionar seus relacionamento, em uma espiral de reflexões e atitudes que se vai tornando cada vez mais perturbadora. A obra, que Luigi Pirandello levou dez anos para concluir, tem um episódio Deus ex machina que não me agradou. Não invalida a leitura, mas me parece uma situação forçada para conduzir o drama a um desfecho.

site: youtube: Bicho de Prata - Instagram: bichodepratabr

dani 07/01/2022

Muitas vírgulas
Não me recordo de ter lido um livro com tantas vírgulas como este kkk. Não encaixei a leitura de primeira, mas na metade do livro já me sentia completamente ambientada e endoidada das ideias. Achei bastante intrigante, os questionamentos e as teorias ficam gravados na mente e vez ou outra me pego pensando na forma como me enxergam. Recomendo.

Larissa1218 06/01/2022

?Se para os outros eu não era quem eu acreditava ser para mim, quem eu era??

Depois que sua mulher aponta um defeito seu que nunca havia notado- seu nariz é torto para a direita- o protagonista entra numa interminável crise de identidade. Me vi muito imersa nessas reflexões sobre as múltiplas perspectivas pelas quais somos vistos e como somos uma, nenhuma e cem mil pessoas ao mesmo tempo. Meu cérebro fritou horrores com essa recomendação que peguei, por incrível que pareça, no tiktok.

Sancha 20/05/2021

E por fim venci Pirandelli
Mentira (rs rs rs)ele me deixou cheia de incógnitas existências!

"Porque eu quisera demonstrar que podia, até para os outros, não ser quem acreditavam que eu fosse."

Roberta 14/03/2021

"Se para os outros eu não era quem eu acreditava ser para mim, quem eu era?" (P.19)

"Sejam sinceros: nunca lhes passou pela cabeça de desejar ver viver. Vocês cuidam de viver para vocês, e fazem bem, sem se preocuparem com o que podem ser para os outros, não porque a opinião dos outros nada lhes importe, não porque, ao contrário, lhes importe muitíssimo, mas porque têm a doce ilusão de que os outros, de fora, devem vê-lo como vocês mesmo se veem" (p. 33)

"Então, meus amigos, precisamos nos consolar com isto: que a minha realidade não é mais verdadeira do que a de vocês, e que tanto a minha como a de vocês duram só um momento" (p.43)

Um comentário aparentemente aleatório sobre um detalhe fisico e somos arrebatados até a alma do nosso protagonista. Foi meu primeiro contato com a obra de Pirandello e não será o único. A edição da Nova Alexandria tá ótima.

Marília 05/12/2020

Durante a leitura a gente vai vendo como a nossa mente é complez

Gabriel 30/09/2020

Difícil mas vale a pena
Não sei bem se foi o momento em que li que não ajudou mas foi um livro relativamente difícil para eu ler. Uma linguagem bem complexa e fácil de se perder nos pensamentos do narrador porém a prosa se desenvolve de uma maneira contagiante.

Saulors 27/09/2020

Perfeito
Um livro que te faz questionar a sua existência e como as pessoas nos enxergam sobre diferente óticas. Com certeza uma das leituras mais incríveis da minha vida.

Paulo 18/06/2020

O Ponto Vital
Não é sem um pouco de vergonha, que digo que escolhi esse livro pela capa. Que não sem razão é uma das mais belas que tenho, onde se mostra uma pintura de De Chirico, chamado As Máscaras. Demorei certo tempo para ir além da beleza da capa, e que surpresa bem vinda descobrir que o recheio do livro não deixa nada a desejar em relação a sua materialidade.
As Máscaras, comecemos por elas. Pirandello traça através do romance um grande e profundo estudo sobre a identidade, sobre subjetividade e sobre o que o mundo espera de nós. É bom deixar-se as vezes ser surpreendido pelo outro, nem que esse outro esteja presente pelas letras, através da literatura. Livro indispensável que vai muito além d'As Máscaras.

Teco3 06/05/2020

UM, NENHUM E CEM MIL
Luigi Pirandello
1926

Quem é você para si mesmo? Quem é você para seu vizinho? Quem é você para seu chefe? Quem é você para seu filho? Você é o mesmo na visão de cada um deles? Afinal, quem é você?
Vintangelo Moscarda, um rico e indolente banqueiro italiano, natural de Richieri, vive uma vida pacata e monôtona até sua esposa observar que seu nariz cai para direita e uma série de outras caracteristicas, que após uma investigação pessoal, ele descobre serem verdadeiras. Decide então ir atrás de pessoas do seu passado e do seu presente para poder se ver atravês dos seus olhos. Assim, acabou descobrindo que era uma pessoa diferente para cada uma delas, seja fisicamente ou moralmente. Nosso protagonista era todos e tudo, menos aquele que acreditava ser em seu mais profundo íntimo, chegando ao ponto de não mais saber quem é. Quem é Vintangelo Moscarda? Um agiota? Um idiota? Um louco? Um pouco de tudo? Leia e descubra essa narrativa de busca da própria identidade.
TRECHO: "Dizer eu a quem? Qual o sentido de dizer eu, se para os outros a minha palavra tinha um sentido e um valor que jamais poderiam ser os meus? E mesmo para mim, que estou tão apartado dos outros, qual o sentido de dizer EU, se isso logo me provoca o horror do vazio e da solidão?
5/5

Joao.Gabriel 13/04/2020

Desintegração total
Parecia não haver um único eu que pudesse subsistir e resistir fora da opinião alheia. Para si próprio ele, afinal, era ninguém.

Eloiza Cirne 06/02/2020

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Com um estilo irônico e divertido, Pirandello nos conduz pela percepção de mundo de Vitangelo Moscarda. Se observarmos com calma, algumas de suas questões são as nossas próprias. Livro para se ler devagar, voltando parágrafos inteiros para entrar no mundo de um personagem inesquecível.

Gabriel.Tesser 04/12/2019

Fascinante
Esse livro é pancada! Devorei em poucos dias. É fascinante. Pirandello ?transcreveu? parte das minhas próprias experiências ao enfrentar o espelho, tentando conhecer a mim mesmo. Ver-me de outra forma, antecipar-me ao espelho para enxergar como sou, como pareço aos outros, obviamente sem sucesso. Gosto de livros assim, que colocam você contra a parede para refletir, compreender parte da sua loucura, sua inépcia, descontrole, letargia contra o mundo, ou pior, contra você mesmo. O livro é lindo, é simples. Conta sobre um Moscarda que se descobre um, nenhum e cem mil depois que sua esposa lhe aponta um defeito no nariz. O espelho lhe revela o desconforto físico que vai além, projeta para a alma, para suas ações como ser humano, beirando à loucura (ou seriam os outros os loucos?). É profundo e delicado, transfere um conhecimento autocrítico se o deixarmos entrar a casa. Uma oferta de mudança e entendimento sobre a vida que pode fazer diferença. Poderia colocar esse livro como aqueles essenciais à leitura. Vai dar desconforto e crise de personalidade, sim, mas é o risco que se corre ao produzir uma nova visão sobre si mesmo, questionamentos que fazem mais sentido hoje contra as aparências apresentadas nas redes sociais. Ninguém é o que parece aos olhos alheios, não importa o que você pense sobre si, o outro não pensará igual. Pirandello nos questiona se essas impressões realmente importam? bem, cabe a você tirar essas conclusões se tiver um pingo de coragem. Abraço apertado!