alineaimee 22/11/2011O site da Rocco, traz a seguinte descrição a respeito de Alain de Botton e seu livro, O Movimento Romântico:
"Filho de financistas suíços, educado na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, Alain de Botton é uma estrela da cena literária britânica. Seus livros são híbridos de aforismos filosóficos com relatos das esperanças e do fracasso amoroso dos anos 90. O resultado é uma reflexão original, onde a narrativa funde o ridículo, o solene e a poesia dos relacionamentos contemporâneos."
O livro é assim de fato. O narrador descreve o relacionamento de Alice e Eric, um casal inglês temperado com todos os clichês de um romance rocambolesco, como Sabrina. Ela é a típica mulher jovem, bem sucedida, ligada em moda, à procura do parceiro perfeito. Pode-se dizer que é uma antecessora européia da Carrie Bradshaw. Eric, por sua vez, é um homem igualmente bem sucedido, moderno, imaturo e egoísta. Eles acabam ficando juntos pelas razões erradas, o que fica evidente com a passagem do tempo.
O curioso é que o narrador desenvolve uma análise apurada a respeito do comportamento de cada um, recorrendo, inusitadamente ao aporte filosófico. Os aforismos desenvolvidos abrem espaço para um estudo acerca do romantismo moderno, examinando o quanto projetamos no outro nossos anseios e ideais; o quanto Alice "peneirava" dos fatos a fim de persistir em seus desejos. Recorrendo a muitos aspectos culturais, o autor evidencia muitas vezes padrões comportamentais, já estudados por personalidades dessa área, para tentar fazer com que o leitor compreenda o pensamento deste homem e desta mulher. A partir de episódios menos felizes, o autor consegue sempre prender o leitor, mesmo quando parte para reflexões mais exaustivas.
As citações de Platão, Descartes, Rousseau, ou de Aretha Franklin, a que o autor recorre, são fundamentais para o conteúdo da obra e auxiliam a que a história adquira um prisma mais real e cultural, ao mesmo tempo que contempla a ficção e imaginação.
Uma história que privilegia a nobreza das pequenas acções, a sutileza das declarações camufladas, ou o significado dos gestos mais banais, na vida de um casal.
O mais interessante da narrativa é o paralelo tecido com o clássico francês do século XIX, Madame Bovary, de Flaubert. Em ambos, há uma ênfase na educação amorosa das mulheres através de romances, que as faz criar expectativas irreais, idealizando o amor. No caso de Alice, essa educação se deu também por revistas femininas e livros de auto-ajuda.
Apesar dos personagens caricaturescos, o livro tem lá a sua coerência e oferece reflexões interessantes. O aspecto cômico de algumas situações, amplia seu potencial de entretenimento.
Um livro feminino, inusitado, que provoca sem subestimar a nossa inteligência.