Vitória 03/09/2022
Mais um mês lendo um clássico da literatura mundial entre os trocentos milhões de livros hot do meu Kindle. Esse é aquele tipo de livro que eu achava que conhecia a história, mas que acabou se revelando algo completamente diferente assim que iniciei a leitura. Acho que ainda não tenho muita coisa pra falar sobre ele, principalmente porque esse é apenas o primeiro volume do livro, mas, por ser algo tão grande, achei que minha experiência ficaria melhor descrita desse jeito.
Acho que meu contato mais próximo com essa obra se deu por meio de Zafón. Em o jogo do anjo ele faz milhões de referências a esse livro, algumas que eu inclusive só fui entender agora, durante a leitura. Talvez eu tenha assistido ao filme quando pequena, mas se isso aconteceu eu não tenho a menor lembrança, só poderei ter certeza quando terminar o segundo volume e for atrás dele. Então, o que tinha na minha cabeça era que teríamos aqui um cara que seria preso injustamente, passaria um bom tempo na prisão, e escaparia de lá se fingindo de morto, mas eu nunca imaginava que isso tudo aconteceria nas primeiras 300 páginas.
Toda a trama da prisão do Dantès acontece muito rápido, e o período em que ele passa preso, apesar de ser longo, se passa em poucas páginas. Ainda assim, é uma parte muito intensa do livro, e é quando ficamos mais próximos ao protagonista. O autor faz duras críticas ao sistema de justiça e ao sistema penal, e me assustou demais ver que grande maioria delas ainda fazem sentido nos dias de hoje. Eu já sou uma estudante de direito que não tem esperança alguma em relação ao sistema no qual eu serei obrigada a trabalhar um dia, mas esse livro conseguiu piorar as coisas ainda mais pra mim. A parte da prisão, inclusive, foi a minha favorita do livro inteiro.
Depois que o Dantès escapa ainda temos um tempo pertinho dele até o momento em que ele acha o tesouro e se torna, de fato, o conde de monte cristo, mas a partir daí a narrativa do livro muda completamente. Temos um salto temporal significativo, que eu não sei dizer ao certo de quantos anos são, porque o autor não deixa isso tão claro e, depois que a história recomeça, passamos a ficar próximos a personagens que, em um primeiro momento, não parecer ter tanta importância assim. Confesso que nessa hora eu fiquei extremamente irritada. A gente percebia, pela maneira como os outros personagens descreviam o conde, que o Dantès tinha mudado demais durante esse período de tempo, e eu queria entender essa mudança, mas isso não me foi entregue, pelo menos até agora. Ainda assim, quando nos é revelado quem esses personagens "secundários" são eu fiquei de cara no chão. Percebi que era tudo parte do plano de vingança do conde, de chegar às pessoas que ele queria atingir por meio de outras que são próximas a elas, e entendi que o autor escolheu nos deixar longe do protagonista pra que cada passo dele nessa vingança fosse uma surpresa pro leitor, e confesso que não sei o que esperar desse homem.
Não foi um livro perfeito, mas talvez as minhas opiniões sobre esse volume mudem depois da leitura do próximo, sinto que a parte interessante da história só vai começar de fato lá. Não vou deixar muito tempo passar antes de iniciar o segundo volume porque já fiquei confusa com o nome dos trocentos milhões de personagens que aparecem aqui e sei que, se depender da minha memória, eu vou esquecer tudo no espaço de um mês. Acho que quando concluir de fato toda a história, ler os textos de apoio e assistir o filme, terei muito mais pra falar sobre isso aqui.