Silvio 05/05/2017Que decepção!
Não é nada do eu esperava. Esperava uma ideia mais ou menos do tipo: tudo o que fazemos deve ser feito com tesão, assim ficará muito bem feito e trará prazer; devemos exercer nossas profissões com tesão, com tesão devemos lavar o carro, consertar o telhado, fazer uma pescaria, ler um livro, etc., etc. e tal.
Ele propõe o contrário: fazer somente o que causa, produz tesão; se algo não causa, não dá tesão, que não se faça.
Tesudo para mim é o que causa, produz, desperta tesão; para ele é quem sente tesão. Acho que me ensinaram errado o significado desse termo.
O livro é composto, em sua maior parte, por trechos de outros livros, trechos de entrevistas - que não foram publicadas - e de uma conferência, também não publicada. Não tem quase nada inédito, de si mesmo.
O livro tem algumas ideias interessantes,tais como: Quem determina o valor monetário de um quadro ou de uma escultura? A obra de arte é vendida e, para o artista, é quase uma prostituição. Em outro sistema ela não seria vendida. seria vista e admirada por todos. O artista teria sua sobrevivência por outros meios.
Outra ideias, porém, são colocadas de formas bastante complicadas, difíceis de se entender.
É cheio de incoerências e contradições. O autor afirma algo em algumas páginas, mais à frente contradiz tudo.
Ele diz que devemos combater o catolicismo (e todas as outras religiões), que ele é antitesão porque nos tira a liberdade e impede o amor. Aff... putz...
Seu conhecimento sobre isso é bem próximo de zero.
"O Catolicismo centra sua ação catequética e sua liturgia na perseguição, tortura, desespero e morte de Jesus Cristo, impondo como simbologia principal o filho de Deus crucificado, assassinado. Nada mais trágico, mais triste, menos belo. Porém a atração e fascínio que exerce, deve ocorrer por conta de uma forma de prazer sadomasoquista, próprio da fé cristã" Nunca vi tamanho disparate, tão grande besteira!!! KEREDO...
Mais à frente ele fala na beleza das tragédias gregas; elas são belas e causam tesão...
Deixa claro que cada um decide ou deve decidir por si mesmo qual é seu prazer, seu tesão. Contudo, se alguém tiver tesão por algo que ele não tenha, é sadomasoquista. Quem tiver amor à profissão e nela permanecer para sempre, é sadomasoquista; tem-se que mudar de profissão, mesmo tendo tesão pela própria.
Ele é contra qualquer sistema de governo; propõe e defende o anarquismo. Parece que não sabe que isso não é possível, nunca houve, em toda História da humanidade, uma sociedade anárquica. Nem mesmo os animais vivem assim, até eles têm seus chefes.
Critica violentamente o capitalismo burguês, afirma que o sistema deveria ser o socialismo libertário, o anarquismo. Depois ele diz que trabalha dois ou três dias por semana, os outros dias vive viajando, inclusive a Paris.
Isso só é possível graças ao sistema que ele critica e combate; se fosse o sistema que ele propõe e defende, não seria bem assim a sua vida.
Cita, como exemplo, Chico Buarque que é um incômodo para o sistema capitalista burguês porque ele é um vencedor dentro do próprio sistema que ele (o Chico) também combate. Ora, se o sistema fosse diferente, o Chico moraria numa casinha bem simples, não faria turismo como faz, não teria liberdade para escolher onde, quando e por quanto dar um show.
Termina o livro com uma conferência que ele deu em Curitiba sobre ecologia. Ele falou do domínio do homem sobre o homem e sobre a mulher. propôs a luta pela libertação das mulheres, das crianças, dos homossexuais, dos negros, dos trabalhadores. Falou que a maconha deve ser liberada e um monte de outras coisas. Não falou praticamente nada sobre ecologia.
Não é a toa que não foi publicada.