charlie 22/05/2022
mais do mesmo
a princípio, a autora se propõe a contar um dia na vida de Olívia, uma menininha atrevida que adora usar palavras novas, o grande diferencial dessa garotinha é que ela tem dois papais, coisa que destoa da configuração familiar segundo a qual fomos habituados pela grande mídia. até então, tudo legal e, de fato, um bom enredo, tendo em vista que pretende-se normalizar uma das várias possibilidades de família que existem na sociedade. contudo, o livro não tem nada de autêntico, pelo contrário, ao passo que o fato de se ter dois papais é normalizado, aqueles velhos (e já ultrapassadíssimos) estereótipos de gênero são reforçados; coisas como: "brincar de carrinho é coisa de menino" e "maquiagem é coisa de menina" são colocados durante toda a história.
para além disso, o final é insatisfatório, a rotina de Olívia com seus papais acaba e é isso, não há uma moral ou uma lição aprendida por aqui, nem ao menos algo engraçado ou divertido, o que me leva a pensar que não existe nenhuma razão para ler esse livro para uma criança e, ora bolas, isso é um livro infantil. então qual o ponto? acredito que a autora se preocupou mais em reforçar a ideia de "tenho dois pais, mas continuo sendo uma menina feminina" como se isso fosse algo singular, do que com construir um bom livro infantil.