spoiler visualizarMaria17661 24/04/2024
O Morro dos Ventos Uivantes
"O mundo inteiro é uma terrível coleção de recordações de que ela existiu, e de que eu a perdi!"
Uma história interlaçada de amor e vingança.
Sabe quando lemos um romance em que o mocinho(a) perde a oportunidade de demonstrar seus sentimentos por medo/orgulho e nós pensamos "deixa de ser burro, fale logo, esse é o momento" e logo depois ele(a) tem a chance de se redimir, fazendo com que as coisas se encaixem e que todos sejam felizes? Pois então, eu acredito que O Morro dos Ventos Uivantes seja uma história sobre deixar essas oportunidades passarem.
O tempo todo você vê personagens tomando péssimas decisões que provocam o afastamento entre eles. Sucessivamente aparecem oportunidades de felicidade mas eles sempre escolhem a outra opção, ou por orgulho ou por vingança.
Heathcliff entra em uma busca incessiva por vingança após a morte de sua amada. Um amor intenso que, por mais que proporcione momentos emocionantes, é também origem de profundo sofrimento. E ele vai tão longe em busca dessa vingança que não poupa ninguém durante o caminho. Ele foi infeliz e a única razão de sua existência está morta, logo, não há mais nada a perder.
"Você merece tudo isso. Matou a si mesma. Você me amava... então que direito tinha de me deixar? Que direito, responda-me, pela fantasia de um interesse por Linton? Porque nem a tristeza, nem a degradação, nem a morte, nem nada que Deus ou Satã pudessem nos infligir haveria de nós separar; *você, de livre e espontânea vontade, fez isso*. Não parti o seu coração, foi você que o partiu, e, ao fazer isso, partiu o meu também. Pior pra mim, ser forte. Se quero continuar vivo? *Você gostaria de viver com a sua alma no túmulo?*
Heathcliff é incapaz de permitir a felicidade ao seu redor, ele manipula e arquiteta situações para que todos tenham o maior sofrimento possível. Ele não se importa com ninguém além do seu próprio sofrimento.
"Sr. Heathcliff, o senhor não tem ninguém para amá-lo, e, por mais infeliz que nos faça, ainda teremos a vingança de pensar que a sua crueldade advém de uma infelicidade ainda maior! O senhor é infeliz, não é? Solitário feito o diabo, e invejoso como ele também? Ninguém o ama... ninguém vai chorar pela sua morte! Eu não gostaria de estar no seu lugar!"
Em síntese, sinto que a obra prima de Emily são inúmeros "e se".
E se o sr. Earnshaw não tivesse feito distinção entre os filhos? E se Hindley não tivesse um comportamento tão cruel? E se Cathy tivesse sido honesta aos seus sentimentos? E se Heathcliff tivesse perdoado? Foram muitos os momentos de "e se" durante todo o livro que tinham o poder de mudar a situação, mas foram ignorados.
Tudo bem isso acontecer no livro, porque se não fossem por eles a trama do livro não aconteceria. Porém, a leitura me fez pensar em todas as vezes que a vida nos oferece um "e se" e nós fazemos a escolha errada. Todas as vezes que nos é dada a oportunidade de ser feliz e nós dizemos não, por escolhas nossas.
Fica o questionamento e a indicação dessa leitura maravilhosa que continua sendo uma das minhas favoritas ?