spoiler visualizarvi.moreiira 01/04/2024
O Morro dos Ventos Uivantes é um estado de espírito.
Apesar de não gostar e muito menos concordar com as atrocidades de Heathcliff, ao final da leitura percebo que ele sempre será aquela criança sofrida, que recebeu muitas pancadas, desde cedo, da vida e vê como única motivação de sua existência vingar todos os que lhe causaram mal.
Mesmo trajando-se como um fidalgo e desenvolvendo-se intelectualmente, ele permanece o mesmo e volta justamente para infernizar os Lintons e os Eanshwns. Heathcliff deseja que todos jamais tenham o mesmo que o próprio nunca conseguiu: paz, amor e companheirismo. Logo, ao notar que por mais que suas tentativas sejam violentas, Catherine Heathcliff e Hareton Eanshwn são jovens ? que apesar dos pesares ? buscam uma vida minimamente digna e feliz dentro daquele universo sufocante, Heathcliff simplesmente enlouquece.
O senhor do Morro dos Ventos Uivantes acaba por cair no jogo de perseguição da sua querida Catherine (a primeira) e morre assim como ela: por consequência de jejuns causados pela sua insanidade. Nessa história, os vivos não deixam os mortos descansarem, tão pouco os mortos permitem aos vivos seguirem sendo de fato seres vivos.
Os únicos personagens que consigo sentir empatia é a Isabella e o Hareton. A primeira nunca fez nada para o Heathcliff e nela foi descontado muito ódio e fúria, na tentativa de atingir Edgar. Já Hareton, como é citado na obra "É empregado de sua própria casa", foi passado para traz sem ter consciência disso e muito menos possuindo meios para retomar suas posses.