Ana Clara
13/01/2023Lindo e SensívelO que fazer no passado ou futuro se você só tem alguns minutos, você não pode sair do café, nem do lugar e nada no presente vai mudar?
Pode retornar ou ir a um dia, conversar com que esteve lá, pode voltar para abrir seu coração, se permitir ser vulnerável e você sabe que nada vai mudar, ou seja, não tem nada a perder, mesmo se já tiver perdido tudo.
Voltar para receber uma carta, para encontrar alguém que te esqueceu, para rever uma relação que se foi, para conhecer alguém que não terá a oportunidade de conhecer, encontrar alguém que você não pode aproveitar.
Você não pode mudar nada no presente, mas você consegue mudar tanto, existe ali uma transformação interna. A oportunidade de dizer algo, de passar tempo com alguém, encontros que nos transformam, logo, transformando como vemos o nosso próprio presente, algo se fez e se produziu nessa viagem, algo inesquecível dentro de quem se permite tentar.
Senti um acalento durante a leitura, ao mesmo tempo que era tocada pelas histórias que iam se construindo. A viagem no tempo sai de uma premissa de ficção científica, para a composição de um plano de fundo de possibilidades, reflexão e criatividade. Por que viajar no tempo se nada vai mudar? Se só posso permanecer por alguns minutos? As vezes precisamos apenas falar o que não foi dito, rever e reviver alguém antes que ele se vá, dar paz ao coração, e o autor mostra isso de uma forma singular e linda.
As histórias tem um desenvolvimento lento e detalhado, o que permite uma imersão no momento, nos pensamentos dos personagens, nas angústias, não é necessário se apressar, porque o processo é importante, para que o fim faça sentido e nos emocione, foi necessário se deixar afetar e viver a leitura sem a ansiedade do desfecho.