spoiler visualizarAlec Silva 20/09/2011
E o bicho vai pegar!
NOTA: Antes de mais nada, não sou um ser perfeito, que nunca erra, mas apenas um leitor crítico e um jovem tentando um dia ser um bom escritor, e não morrer de fome por causa disso. E é com base em tantas leituras que já fiz que me atrevo a a avaliar o livro a seguir.
Eu deixo aqui esclarecido que a análise abaixo é minuciosa e pode conter revelações sobre a história, cabendo a cada um se vai ou não continuar a sua leitura.
Análise Gráfica-Editorial
Quando peguei o livro nas mãos, fiquei eufórico. A capa foi bem elaborada no que diz ao design, as folhas e as fontes usadas estão de acordo (uma professora de Língua Portuguesa também achou o mesmo quando mostrei a ela), ou seja, não cansam a visão. Bom acabamento, enfim.
Vamos, então, aos pontos principais:
CAPA: Os desenhos são perfeitos, remetendo ao livro Lobisomem – Apocalipse, mas não o considero plágio, afinal panos, metais e folhas sendos rasgados por garras destacam que algo é feroz, bem voraz (vide tatuagens e capas de DVDs). O único problema está na pouca resolução, notando o leitor os famosos “quadradinhos” nas imagens e no nome do autor e no título. NOTA: 9,0.
DIAGRAMAÇÃO: Com exceção de espaços vazios entre dois parágrafos, que aparecem duas vezes, e o pouco espaço entre título de parte (em cada capítulo) e texto, poderia ser pefeita. NOTA: 9,5.
REVISÃO ORTOGRÁFICA: Houve grande cuidado para evitar erros, mas mesmo assim esses aparecem: um acento fora do contexto, vírgula onde não devia, um ponto ausente, alguns pontos intrusos... Mas, nada mal para quem não é profissional; o grupo Medeiros fez um bom trabalho (a editora cobra a mais para qualquer serviço adicional, como revisão). NOTA: 8,5.
O MAIS BACANA: O desenho do lobisomem uivando para a lua cheia, em preto e branco, na abertura de cada capítulo, além de cada algarismo romano ser uma marca de garra afiada. NOTA: 10.
Análise Literária
É aqui que o bicho pega (literalmente!). Li toda a obra em dois dias, ficando curioso para saber o próximo evento quando tinha que parar a leitura para ir trabalhar.
Então, destacarei os pontos principais:
ENREDO/TRAMA: Começa meio louco, avança sem sentido, parece clichê, mas se revela muito superior. Antes de ler, eu não tinha conhecimento algum da trama (só sabia que tinha lobisomens). Os primeiros eventos, isolados, lembram contos, mas nos revela cada peça do xadrez sangrento. Quando as peças se chocam, tudo faz sentido. É possível se surpreender com algumas coisas, estranhar outras e sentir um ódio mortal do homem (Avatar fez a mesma coisa)! Sem mencionar algumas coisas bem bizarras e surreais! NOTA: 9,5.
PERSONAGENS: Bem distintos e alguns bem redondos (para quem não sabe, são personagens que mudam de pensamentos e atitudesno decorrer da trama), outros bem planos (permanecem como são do início ao fim). Só achei chato que alguns bons personagens aparecem rapidamente, como é o caso das três irmãs e dos pais de Caroline (dúvida: Aline, a mãe, é mulher-lobo também?) Pecou na descrição física. NOTA: 9,0.
DIÁLOGOS: Alguns muito bons, outros ficaram a desejar. Em alguns momentos, achei muito rápido e superficial, mas teve pontos fortes, como a visita ao cemitério que está o corpo de Romasanta. NOTA: 8,0.
NARRATIVA: Ao ler o primeiro parágrafo, pensei “vai ser uma leitura chata”, visto que é narrado no presente, mas me enganei. Comecei a ler e gostei, detestando ter de para de ler. Ora ou outra ficou confusa, como em algumas cenas de ação e violência, mas é bom que nos estimula a lermos com atenção. O autor nos faz participar de cada momento (imaginsei cada um desses loucos momentos, tendo a impressão de ouvir um rock bem pesado como trilha sonora). NOTA: 9,5.
ESTILO: O autor tem um estilo bem peculiar de narrar, o que muito contribuiu para a trama. Tirando as redundâncias, perfeito! NOTA: 9,5.
RECURSOS ADICIONAIS: Palavras de baixo calão, violência furiosa, algumas vezes muito próximas, insinuações sexuais (que poderia ter sido mais apimentadas), entre outras coisas, poderiam estragar o livro, mas ajudam e muito! A juventude vai ler com certeza, sobretudo se aqui ficar destacado que é como ler o roteiro de um filme de lobisomens! Aliás, quanto aos palavrões, o mais massa foi dito por um caçador, nas páginas finais: “Eita porra!”. Eu juro: ri muito! NOTA: 9,5.
ALFER MEDEIROS
CRIATIVIDADE: Fúrria Lupina – Brasil fala de lobisomens, certo? Mas não impediu que a Mãe-do-Mato, o Saci-Pererê, o Boitatá, o Boto-Rosa, o Corpo-Seco, um psicopata que sofre de licantropia, uma família que sofre de hipertricose e uma fada dos lobos também apareçam. Parece estranho, mas dá certo em vários momentos. O truque da Alcateia Global, desenvolvido por Caroline para despistar os curiosos é muito bem planejado! Os nomes Joe “Hell” Vansing, Ted Guent, Romasanta, Santarroma, Lupo, por exemplo, remetem a influências do autor, como livros, filmes e anagramas e trocadilhos (eu não sou louco de explicar cada um deles!). quem conhece várias faces do mito do lobisomem vai identificar mais coisas no decorrer da história (eu achei todas as referências possíveis). NOTA: 10.
Meus Comentários como Fã:
Leitura mais que recomendada!
Para o primeiro livro, Alfer Medeiros está de parabéns! Por várias vezes lembrei-me de O Caso de Charles Dexter Ward (H. P. Lovecraft), por causa da forma de narrar. A trama renderia uma excelente saga, pois não é tão clichê quanto se possa imaginar de uma obra sobre lobisomens.
Nunca li um livro sobre o tema antes, por isso avaliei sob o olhar de um leitor crítico e de um escritor. Eu imaginei muitas possibilidades (fora o fato de que eu já pretendia fazer algo parecido!).
Minha nota final, somando e dividindo tudo, é: 9,3!