Estêvão 19/11/2020O que é um livro?, de João Adolfo Hansen, como o título sugere, irá discutir o que torna um livro um livro. Já nas páginas iniciais, o autor destaca a importância do livro ao falar das diversas perspectivas sob as quais se pode discutir a pergunta-título:
“[...] podemos falar do livro como objeto material, tratando por exemplo os processos técnicos, industriais e editoriais [...], como mercadoria [...], objeto simbólico [...], uma função [...], uma comunicação [...] e um valor”.
Para isso, em três partes, analisa o livro como um elemento simbólico, como suporte/objeto/material e como algo constituído na relação texto/leitor.
Nesse percurso, mesmo que de forma rápida, traça-se um histórico dos diversos suportes para a palavra escrita, observando sua evolução em paralelo ao desenvolvimento social. Vemos também como foram criados os pergaminhos, os papiros, a escrita em tábuas de argila e algumas curiosidades sobre esses contextos.
O livro como objeto simbólico, em especial no âmbito religioso, passando pelo seu valor cultural em diversos segmentos, também é um tema discutido. Porém, a exemplo da parte anterior, não achei que trouxesse grandes novidades, apenas uma contextualização para chegar à última parte – ao meu ver, o ponto mais aprofundado da obra.
Nessa parte, o autor comenta como o livro é algo que se constitui como resultado da interação entre texto e leitor. Para isso, recorre a conceitos da teoria da recepção, observando como elementos culturais, implícitos e o conhecimento de mundo são ativados, preenchendo vazios textuais para a compreensão do que é dito e, principalmente, para a construção de um novo olhar sobre o mundo.
É dedicando-se ao que ocorre no “entre” leitor e texto que Hansen não apenas revela a “mágica” por trás dessa relação, mas evidencia uma das potências do objeto livro e todo esse fascínio que exerce ao longo dos anos e em diversas culturas.
Apesar de curto, O que é um livro? consegue em suas cerca de 70 páginas, numa edição muito bonita da @atelie_editorial , nos inserir nessa discussão, servindo como uma boa porta de entrada para quem, assim como eu, se interessa pelo tema.
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