Shaftiel 06/08/2011
Tormenta de Espadas (Storm of Swords) é o terceiro livro das Crônicas do Gelo e do Fogo (Song of Ice and Fire). É uma continuação esplêndida desse série magnífica, seguindo com um aumento constante de qualidade. Se o primeiro livro é excelente, o segundo mais do que isso, o terceiro precisa de elogios maiores ainda.
A Guerra dos Cinco Reis continua a atormentar Westeros. As alianças foram declaradas, mas, como fica claro na série, palavras são vento. Cada rei, com seu grupo de aliados, avança nos campos de batalha. No norte, os Greyjoy não perdem oportunidades, principalmente se aproveitando de diversas jogadas políticas e ações impetuosas ocorridas no primeiro livro. Mesmo depois dos eventos do segundo livro, a chama continua acesa entre os Baratheon, representados principalmente por Stannis, com a sacerdotisa vermelha dando poder política necessário para que conquiste seus direitos de herança. Os Stark, com seu poder agora mais ao sul, avançam em vitórias constantes, mas sem conseguirem tonar a guerra permanentemente a seu favor. Enquanto isso, os Lannister continuam a maquinar.
Por mais que os outros livros tenham eventos importantes, nada é tão decisivo quanto em a Tormenta de Espadas, o melhor livro da série até o momento (li todos os cinco já lançados). Novos Pontos de Vista (PdV) como Jaime Lannister e Samwell Tarly são apresentados, demonstrando mudanças nesses personagens, além de posições diferentes nos meios políticos em que se encontram. Outros personagens, como Catelyn Stark, continuam sendo importantes mais como observadores do que como indivíduos cujas ações transformam a história. Isso não minimiza sua importância no futuro, pois cada anseio demonstrado por Cat, por exemplo, deixa transparente a profundidade do personagem e como as ações que a cercam engolfam e mutilam as pessoas.
PdV mais importantes como os de Jon Snow mostram novas faces da história como a guerra depois da Muralha, que não recebe a atenção merecida dos governantes do sul. Nesse momento, a Patrulha da Noite tem que lidar com as conseqüências das atitudes que Snow foi forçado a tomar no segundo livro, o que transforma a identidade do personagem e até mesmo dessa sociedade guerreira.
Bem mais ao sul, os PdV de Tyrion e Sansa mostram que nada está calmo na capital de Westeros. Cersei luta pelo poder, tramando para que mantenha influência máxima. Nisso, humilha o irmão e põe de lado aquela que deveria ser sua nora. A aliança da rainha segue contextos bastante interessantes, com outras doses de traições, ao precisar disputar espaço com uma nova e poderosa casa, os Martell, agora aliados, mas não necessariamente amados, pelos Lannister.
Nenhum personagem com PdV deixa de sofrer nesse livro. Todos são deslocados de algum modo de suas posições, seja isso politicamente ou geograficamente. Alguns como Tyrion são levados ao extremo de sua raiva, outros como Sansa são carregados pela corrente turbulenta. Mas, apesar de importantíssimos, em nenhum dos casos, os eventos são tão dramáticos quanto no ápice do livro. Não vou descrever o que acontece obviamente, mas o que é descrito nos fóruns como RW é um dos mais chocantes capítulos não só das Crônicas do Gelo e do Fogo, mas de toda a literatura de fantasia (ao menos para quem aprendeu a amar todos os personagens de Westeros).
Tormenta de Espadas é, repito, o melhor livro da série. O quarto e o quinto nem se aproximam, portanto George Martin precisará se esforçar bastante para se superar nos dois livros que ainda restam.