Vislumbres de um Futuro Amargo

Vislumbres de um Futuro Amargo Lu Ain-Zaila




Resenhas - Vislumbres de um Futuro Amargo


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Bruna 09/02/2024

Futuro Amargo mas histórias brilhantes!
Feliz demais de ter encontrado essa coleção de contos de autores nacionais.

São histórias futurísticas com temas assustadores e com tecnologias assustadoras de coisas que podem ou não acontecer.

Histórias incríveis que eu com certeza recomendo a todos.
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Paulo 03/07/2022

1 - "Antônio do Outro Continente" (de Anna Fagundes Martino)
Avaliação: 5 estrelas

As nações do mundo singraram o espaço em busca de colônias que possam sustentar a vida na Terra. Em satélites artificiais, pessoas se dedicam a cultivar produtos necessários à crescente população terrestre. Mas, a vida dos que vivem em Outro Continente é dura e difícil, e nem sempre recompensada. Antônio é uma dessas pessoas, habitando no satélite artificial Bertha Lutz, vinculado ao Brasil. No meio de um dia de descanso em uma farra que dura a noite toda, ele conhece Izar, uma jovem oriunda do País Basco que agora lutava pela sua soberania no espaço. Depois de uma noite regada a dança e bebida, eles acabam se envolvendo. Ao longo de sua relação, as diferenças culturais e as reclamações começam a surgir. Apesar de Antônio saber que tudo iria acabar um dia, ele alimenta a esperança do verdadeiro amor. O mesmo podemos dizer de Izar que conhece cada vez mais o seu parceiro e não sabe o que quer para si. Poderá esta relação frutificar, mesmo diante de tantas diferenças?

Uma bela maneira de começar esta coletânea com uma história da Anna Fagundes Martino. E aqui ela nos entrega uma narrativa bastante sensível, quase um Romeu e Julieta, mas com mundos separados e repletos de suas diferenças. Apesar do título, a narrativa é contada pelo ponto de vista da Izar, que procura entender mais sobre si e seu papel no mundo. A autora não tem pressa em nos apresentar o mundo e seus personagens. Uma escrita calma e paciente que nos leva juntos por um passeio a este lugar e todas as suas discussões. É a mesma técnica que a autora usou ao escrever A Casa de Vidro. Com largas porções descritivas, a narrativa não perde fôlego do início ao fim porque nos envolvemos nos problemas dos personagens. A trama se relaciona conosco ao vermos filhos sendo explorados pelos pais que usufruem daquilo que eles enviam sem pudor. Essa é uma das associações possíveis entre diversas outras.

Antônio é um rapaz calmo e paciente, que busca a tranquilidade acima de tudo. É aquele tipo de pessoa tranquila e sossegada que serve para apaziguar discussões. Mas, seu coração está carente e triste por sua família. Ele deixou uma irmã na Terra que leva parte de seus ganhos todos os meses. Antônio sabe que algo está errado, mas faz isso pelo pai que se sacrificou para estar no espaço. A chegada de Izar em sua vida bagunçou sua dinâmica. Ele não quer saber da Terra. Para ele, são todos minhocas ou parasitas que merecem permanecer em um lugar decadente e dependente do seu trabalho. Por outro lado, Izar é impulsiva e aventureira. Ela está em busca de novas sensações, novas emoções. Não quer ficar presa ao nome de seu pai, um homem que acabou por ter uma doença terrível que bagunçou a sua mente. Agora vive em um mundo à parte. Izar não entende o amor dos selênicos (como Antônio é chamado) tem por um espaço tão apertado e claustrofóbico. Praticamente não possui nada, nem coleciona nada. Qual é a graça em estar em um lugar tão limitante como esse? Ou será que é realmente limitante mesmo? Essa é uma daquelas narrativas que vai nos fazer sair em busca de suas associações conosco e quando nos dermos conta disso, será aquele momento de claridade que precede o soco no estômago.

2 - "Corra, Alicia, corra" (de Lady Sybylla)
Avaliação: 4 estrelas

Desesperada e sem encontrar sua amada Bianca, Alicia tenta se esconder nos dutos de ventilação de seus perseguidores. Sua vida toda ela esteve trancada em uma cela, sendo Bianca o único alívio de uma vida tão difícil. O toque de sua mão, o hálito de sua boca com os lábios próximos dos seus. Mas, algo estava errado. Por que ela ficou trancada e abandonada em sua cela por tantas semanas, sem um único contato daquela que ela ama? Tudo o que ela queria era uma palavra, um carinho. Agora, Alicia foge desesperada e seus perseguidores parecem estar se aproximando. Onde está Bianca?

Sybylla nos guia pela confusão de sua protagonista ao longo das páginas. Uma narrativa em terceira pessoa, mas muito próxima da personagem, ajuda a dar um ar desesperador a toda a sequência. Toda a história se passa em uma cena que é a da fuga. Aos poucos a autora vai nos dando pistas do enorme quebra-cabeças que cerca essa história. O leitor vai juntando as peças e se deparando com uma verdade assustadora. Gostei de como Sybylla faz tudo isso em poucas páginas, com uma narrativa simples e direta. Os trechos de flashback se encaixam de acordo com o que está acontecendo no presente com Alicia, servindo como um tipo de recordatório, auxiliando no processo de contextualização. Os trechos finais envolvem um belo plot twist do qual nem posso falar muito correndo o risco de estragar a surpresa preparada pela autora. Bela narrativa!

3 - "Eletricidade em suas veias" (de Waldson Souza)
Avaliação: 5 estrelas

Há muitos séculos atrás uma raça de humanos imortais vivia em uma terra acima dos homens. Uma de suas habitantes era uma cientista que criou um ser autômato capaz de ter emoções humanas, mas cuja bateria durava poucos anos. Seu trabalho não foi aceito por seus pares e ela foi retirada de seu projeto de pesquisa. Ela havia construído um protótipo chamado Berko e teria que destruí-lo para não chamar a atenção para si. Mas, ela não se conforma com essa decisão e acaba enviando Berko para o mundo terrestre onde ele viverá entre os homens. Ele viverá inúmeras vidas e sua criadora irá registrar os resultados de sua pesquisa. Mas, a criadora sabe ele passará por inúmeras dificuldades já que sua pele é negra assim como a daqueles que o criaram. A narrativa verá múltiplas vidas desse ser fascinante enquanto a cientista observa a tudo do alto.

Essa é uma bela história que lida com muitas questões diferentes. Talvez um dos temas mais fortes seja a da perseguição à população negra. Waldson Souza não tem pudores em nos mostrar o quanto o preconceito adotou múltiplas formas ao longo dos séculos seja na escravidão de outrora ou na falta de oportunidades do presente. Por ser uma criatura que vive múltiplas vidas, Berko vai possuir inúmeras características e sentimentos e em alguns momentos ele será um homossexual. Passará pelas dificuldades de períodos em que fazer parte da população LGBT era um risco à própria vida. Se trata de uma narrativa geracional que serve para apresentar as ideias propostas pelo autor acerca da desigualdade social e do preconceito.

Outro tema que permeia toda a história é o que nos torna humanos. É a nossa capacidade de sentir, de nos relacionar? É a de propor ideias lógicas? O experimento da cientista consiste em não dizer a Berko que ele é um autômato e deixá-lo viver sua própria vida. Trabalhar, conversar com pessoas, amar. Viver a vida com suas qualidades e defeitos, com seus problemas e dilemas. De vez em quando a criadora atuava para evitar a descoberta da existência quase eterna de Berko, ou ajustar alguma situação mais complexa. Alguns diálogos que são trabalhados ao longo do conto são bastante reflexivos principalmente no que diz respeito à própria pergunta sobre existir. O autor já chegou a trabalhar com essa noção de transumanismo no passado e o vemos abordando o mesmo assunto sob diferentes ângulos. A narrativa é fascinante e em alguns momentos nos deparamos com situações-chave como a descoberta do amor, a necessidade de se adaptar às mais diferentes circunstâncias, o encontro acidental com alguém do passado. O autor mantém também um ar de mistério sobre quem são estes seres que vivem acima do solo, mas deixa algumas pistas como o fato de eles também terem sido criados, de terem tido algum tipo de conflito no passado e sua opção por se isolar e não ter mais contato com os humanos. Uma bela história que vai te fazer pensar sobre uma infinidade de assuntos.

4 - "Eu, Algoritmo" (de Lu Ain-Zaila)
Avaliação: 4 estrelas

Um certo dia, em um contexto muito semelhante ao nosso, uma espécie de AI chamada DOGI emprega os algoritmos deixados por nós pela internet para chantagear uma cidade. Todos devem se submeter à vontade de DOGI sem pestanejar. Mas, Ajia é uma das poucas que não se deixa intimidar. É então que as pessoas que foram chantageadas passam a perseguir Ajia e capturá-la para entregar nas garras de uma AI cujos objetivos ainda não são claros. É aí que se inicia uma intensa fuga onde toda uma cidade está contra nossa protagonista. Sendo uma ciberativista, ela não pretende se entregar tão fácil.

Esse é um conto voltado para trabalhar uma argumentação. A do cuidado com os vestígios, senhas e informações que deixamos na internet. Todos os dias temos nossos dados compartilhados entre inúmeros sites e provedores por toda a parte do mundo. Nossos gostos, nossos hábitos e até nossos rostos estão espalhadas por toda a parte. É um assunto que suscita muitas discussões e nos vemos em um mundo que cada vez exige que nós mais e mais nos envolvamos com o universo online. A narrativa serve a esse propósito e o leitor pode achar que a história nem é o mais importante aqui. A situação vivida pela personagem serve como um meio para a discussão desse assunto. Por mais que eu curta demais a temática trazida pela autora, é perceptível que a narrativa ficou em segundo plano. E isso não age em detrimento da história, que tem suas surpresas e curvas. O final da narrativa também surpreende e não sei se o objetivo da autora foi deixar algum tipo de gancho para histórias futuras.

Há alguns truques de escrita que ela usa durante o conto como o emprego da narrativa em primeira pessoa para gerar um espelhamento da parte do leitor. Para que imaginemos que isso poderia estar acontecendo conosco. Ela também emprega algumas subseções onde a personagem tece comentários sobre o mundo contemporâneo e a forma como nos relacionamos com a internet e o universo online. Essas subseções ajudam a aprofundar o tema proposto ao longo da narrativa.

5 - "O Pingente" (de Cláudia Fusco)
Avaliação: 5 estrelas

Uma IA responsável por cuidar da pequena Sophia a acompanha por boa parte de sua vida. Como uma babá, como uma companheira, como uma amiga. Enxergamos a vida da criança e da IA se entrelaçando em uma rede de emoções que nos leva a uma encantadora jornada pelas alegrias e dissabores dessa relação. Ao mesmo tempo em que ela ensina Sophia conceitos básicos para poder levar sua vida, aprende outras lições, sejam estas duras ou gentis. No final do caminho, tanto o programa como o indivíduo estarão transformados para todo o sempre.

Essa é uma narrativa que esbanja doçura e sensibilidade ao mesmo tempo em que não se esquiva de temas polêmicos. Fusco nos entrega um bom slice of life em que ela nos coloca no papel de uma Inteligência Artificial cuja tarefa é ser o duplo de uma criança que vai crescendo e se desenvolvendo. A escrita é muito boa e compassada e, embora seja um conto, ou seja, uma narrativa curta, a sensação é de toda uma vivência ao lado dos personagens. Gosto de como a escrita da autora é simples de ser compreendida, sem firulas ou mecanismos complexos. A narrativa é também bem dividida entre o nascimento, a infância e a adolescência até chegar ao início da vida adulta. Em todas as três fases existem temas importantes sendo debatidos e o leitor não deixa de ter interesse na história. Queremos acompanhar até o final.

Dois temas importantes debatidos pela autora são o amor e a família. Na primeira parte da história vemos como a IA acaba substituindo de certa forma o cuidado das mães de Sophia. Ambas não tem tempo de estar com ela por conta de suas vidas atribuladas. Desde cedo, a IA assume esse papel e a criança se afeiçoa bastante a ela. Temos transformações, é claro, como a separação das mães que acontece logo no começo da narrativa e a autora precisa mostrar o impacto disso na vida de uma criatura tão pequena e que nada conhece do mundo. Os momentos na escola, as dúvidas na adolescência, o processo de crescimento e transformação. Sem entregar muito sobre a narrativa, basta entendermos que o final se conecta a uma importante decisão de nossas vidas, quando passamos a trilhas nosso próprio caminho em nossas vidas. Uma importante necessidade de sairmos de nossas moradias para nos aventurarmos em um mundo maior. A autora está de parabéns por essa linda história.

6 - "Sia está esperando" (de Roberto Fideli)
Avaliação: 4 estrelas

Após uma trágica situação em Timbuktu, a tripulação da Anatsuru acaba fazendo um pouso de emergência um estranho e gelado planeta. Sia, a inteligência artificial responsável por auxiliar a capitã com as funções da nave contabiliza que a maior parte da tripulação morreu, deixando apenas nove sobreviventes. Em uma situação de emergência, e sem contato com o Império, a capitã Jin vai precisar juntar esforços para consertar a nave e tentar sair desse planeta desolado o mais rápido possível. Só que a descoberta de estranhas ruínas pertencentes a uma antiga civilização alienígena pode colocar tudo em jogo.

Essa é uma ótima narrativa que mostra toda a habilidade do autor em criar narrativas tensas e que engajam o leitor. Apesar de o tamanho da narrativa ser o seu calcanhar de Aquiles, essa história prova mais do que nunca que Fideli precisa escrever uma narrativa mais longa. Sabe quando o leitor percebe essa necessidade? Já várias histórias curtas dele e sinto que ele está preparado para voos maiores. A narrativa é bem pensada, os problemas que a tripulação precisa resolver não são óbvios e nada acontece por acaso ali. Nada cai do céu para facilitar a resolução de um problema. A gente sabe quando parte da tripulação vai até o monumento que algo vai dar errado. Mas, como as coisas vão dar errado é que é arma secreta do autor. A gente compreende facilmente o mundo criado pelo autor, mesmo que existam alguns elementos complexos a mais. Mas, eles não são necessários à história e o autor toca pouco nesses assuntos. Já disse várias vezes no passado: construção de mundo é legal, e talvez a parte mais gostosa de escrever uma história; só que ela precisa servir a ela e não ser o extra.

Essa é uma narrativa de sobrevivência onde a tripulação precisa resolver suas questões internas para alcançar o seu objetivo. Não há espaço para trabalhar todos os personagens da trama, mas Fideli consegue dar traços interessantes a cada um deles, distinguindo-os entre si. Ou seja, eles não estão apenas no fundo, servem a alguma função. Mesmo a IA tem seus desejos revelados a partir de um detalhe da trama. E é interessante perceber como o autor consegue nos dar o seu ponto de vista, normalmente pontuado por um pragmatismo e racionalismo típicos de uma máquina. Mas, aos poucos vamos vendo que ela faz parte tanto da tripulação como qualquer outro. A capitã tem aquele senso de responsabilidade inerente aos capitães de embarcações. Mesmo assim, vemos suas fragilidades diante do que acontece ao seu redor. Suas relações com outros membros da tripulação e opiniões podem e se chocam de fato com outras pessoas ali naquele meio. Uma situação extrema que vai colocar os sentimentos de todos no limite.

Curioso a organização escolher fechar a coletânea com duas histórias que tem IAs como protagonistas. E uma ótima história também. Só achei um pouco longa demais e alguns trechos poderiam ter sido cortados. Novamente: é um conto e quando aparecem "barrigas" na trama, isso prejudica o dinamismo da história. Só que a ideia sobre o que cortar e o que deixar é algo bastante subjetivo. E cada leitor vai ter sua própria opinião de aonde cortar e se deve ou não cortar. Mesmo assim, vale demais a leitura.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Davenir - Diário de Anarres 18/01/2022

O vislumbre é amargo mas para a FC é brilhante!
"Vislumbres de Um Futuro Amargo" é uma antologia da Agência Magh, agência editoral independente que promoveu essa antologia por financiamento coletivo no Catarse, na qual eu participei. Infelizmente demoro para ler os livros e ainda mais para publicar minha opinião sobre eles, mas isso não diminuiu minha satisfação com a leitura. São seis contos de autores que já tive algum contato prévio.

A introdução de Roberto de Sousa Causo detalha bastante as bases desta antologia e anuncia muito bem os contos. O futuro amargo que nomeia a antologia é uma forma de colocá-la entre a distopia e utopia. São futuros amargos pois mostram a humanidade cometendo os mesmos erros, apesar da alta tecnologia.

Antônio do Outro Continente (Anna Martino) se passa na Terra e nas colônias espaciais, estabelecidas em satélites artificiais. A autora entrelaça muito bem a simples história de dois jovens que se apaixonam e tem de lidar com as diferenças culturais. O conto é muito competente em desenvolver os personagens e as diferenças na vida cotidiana nas colônias com a Terra. Quando o conto termina, ficamos com vontade de saber como continua a vida, mas como a vida, ela sempre continua. Achei acertado o final, meio repentino.

Corra, Alícia, Corra (Lady Sybylla) Acompanhamos Alícia, em uma verdadeira corrida pela liberdade. Ela vive em uma instalação e nunca viu o exterior, sabendo somente do que Bianca lhe conta. O conto desenvolve bem o mistério, mas é focado na corrida e pelos sentimentos da protagonista. O final é amargo como o título da antologia, que não me deixa mentir.

Waldson Souza (Eletricidade em suas veias) nos brinda com um conto afrofuturista em que acompanhamos uma criatura artificial colocada para viver na Terra, por um membro de uma raça ancestral. O androide é feito com pele negra o que muda as suas vivências no nosso planeta e se torna veículo de reflexões muito relevantes. Tem uma pegada de Homem Bicentenário, de Asimov, mas escrito para leitores deste século. Meu conto favorito do livro.

Eu, algorítimo (Lu Ain-Zaila) Também trilhando o caminho do afrofuturismo, Lu Ain-Zaila traz uma aventura que entrelaça-se com reflexões que poderiam estar em uma crônica. Acompanhamos Aija, uma cyberativista que é perseguida pelos moradores da sua cidade a mando de uma misteriosa entidade cibernética. O conto é interessante tanto pelo desenvolvimento, e as reflexões, quanto pela aventura. Li devorando as páginas.

O Pingente (Cláudia Fusco) conta a história pelo ponto de vista de uma inteligência artificial responsável por cuidar de uma criança humana e acompanhar seu desenvolvimento. O conto tem um clima de história de Black Mirror, em que aguardamos o momento em que tudo vai dar muito errado, mas o conto toma a trajetória de um drama mais pé no chão, ao invés de um gore para chocar o leitor no final.

Roberto Fideli (SIA está esperando) tudo começa com uma space ópera em que um desastre numa nave leva os sobreviventes a lutarem pela vida em um planeta inóspito e desconhecido. Acompanhamos essa luta pelo olhar da inteligência artificial embarcada na nave, chamada SIA. O conto prende pelos desdobramentos que mudam tudo na história e a deixam muito interessante, sem ficar forçado. Excelente encerramento!

site: http://wilburdcontos.blogspot.com/2022/01/resenha-218-vislumbres-de-um-futuro.html
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Danielle (@chimarraoelivros) 24/05/2021

“Vislumbres de um Futuro Amargo” reúne seis contos de ficção científica de autores brasileiros. Os temas são bem diversificados, gostei muito da leitura, vou falar brevemente sobre cada um deles:

“Antônio do outro continente”, de Anna Martino: Nos mostra que seja na Terra, seja em uma colônia no meio do espaço, existirão sempre relações familiares tóxicas e pessoas querendo tirar vantagens sobre os outros.

“Corra, Alicia, Corra”, de Lady Sybylla: Aqui temos uma mulher em fuga. Acompanhamos sua fuga sem saber do que ela realmente foge, se era mantida prisioneira, o que aconteceu. Até que ocorre a grande revelação.

“Eletricidade em suas Veias”, de Waldson Souza: Essa é uma história sobre o que é humanidade, sobre criar novas formas de vida?, Andróides e experiências. Gostei muito.

“Eu, Algoritmo”, de Lu Ain-Zaila: Aqui a autora imagina os efeitos catastróficos de nossa vida conectada, enviando dados para apps diversos, num mundo em que nossa vida está totalmente exposta e os apps e empresas no geral, tendo nossa permissão para usar os dados da forma que bem entenderem. Adorei esse conto e fiquei muito curiosa para ler a história que começa quando ele termina.

“O Pingente”, de Cláudia Fusco: Aborda a relação entre uma menina e sua babá, como se formam laços fortes entre elas, fala também sobre a relação entre humanos e inteligências artificiais. Tem elementos super fofinhos! E adorei o fechamento da história.

“Sia está esperando”, de Roberto Fideli: Acompanhamos a narrativa do ponto de vista de SIA, um sistema de inteligência artificial de uma tripulação em missão. Com momentos de tensão, é uma narrativa que prende do início ao fim.

Além dos textos, cada conto conta ilustrações de 6 artistas diferentes que captam momentos marcantes das narrativas.

site: https://www.instagram.com/p/CPOa0WTHDNE/
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Ricardo.Barroso 01/05/2021

Uma coleção de ficção científica moderna
Essa coletânea traz contos de ficção científica em uma roupagem mais moderna, se inspirando nos clássicos mas trazendo temáticas como afrofuturismo. Os dois últimos contos no entanto sobressaem e, se fossem só eles, daria nota máxima.
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Amanda 24/04/2021

Resenha
Achei um ótimo livro! Algumas leituras podem te prender mais que outras, porém, acho que todas valem a pena.
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Mateus Braga 08/12/2020

Apoie financiamentos coletivos!
Que surpresa agradável!
Eu já tenho o hábito de apoiar campanhas em financiamento coletivo, e recomendo a todos.
Apoiar autores nacionais é sempre uma boa opção.
Acabar com o preconceito de que não existem bons autores nacionais é um prazer imenso. Eu já sabia disso quando apoiei a obra.
Mas, mesmo assim, a surpresa que eu tive com esse livro foi de outro nível.
Quantos autores bons, com ideias boas, que eu desconhecia.

Ficção Científica de primeira!
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Anny Barros 22/10/2020

Antônio do Outro Continente por Anna Martino - 4/5
Corra, Alicia, Corra por Lady Sybylla - 3.5/5
Eletricidade em Suas Veias por Waldson Souza - 4.5/5
Eu, Algoritimo por Lu Ain-Zaila - 4.5/5
O Pingente por Cláudia Fusco - 3.5/5
Sia Está Esperando por Roberto Fideli - 4/5
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Mars 20/06/2020

Futuro... será que você pode esperar?
"As ignorâncias humanas são o fantasma da máquina." - (frase do conto Eu, Algoritmo)

Vislumbres é uma coletânea de 6 contos brasileira de ficção científica inspirada em algumas previsões de Stephen Hawking sobre o futuro da relação humanidade x tecnologia.

Gostaria de elogiar a editora e ilustradores pelo trabalho gráfico neste livro, todo maravilhoso e com ótimas ilustrações. Adorei que em cada início de conto colocaram uma mini biografia do autor e do ilustrador, para que se conheça melhor as pessoas envolvidas no trabalho. Além disso, gosto de ressaltar que esta é uma coletânea de sci-fi BRASILEIRA, só de ler esse livro dá pra perceber como a gente tem muito a oferecer a esse gênero e não apenas consumir o que vem de fora.

Vou dar minhas considerações sobre cada um dos contos, e pode ficar meio longo:

ANTÔNIO DE OUTRO CONTINENTE (Anna Martino)
Como porta de entrada ao livro, o conto deixa um gostinho bom na boca de como serão bem trabalhados os universos criados por cada um dos autores, entretanto, peca em alguns aspectos. O conto é focado em dois jovens que se conhecem na colônia agrícola de Bertha Lutz (uma colônia em um satélite natural): um rapaz nascido na colônia e uma moça que veio da Terra para cuidar do pai doente; eles começam a se envolver afetivamente e com isso dúvida dos dois entre deixar o seu lar para viver com o outro. Apesar de ter gostado da construção do mundo, senti que foi muito descritivo nesse sentido e pouco aprofundado nos personagens centrais, não consegui criar empatia por nenhum dos dois, tampouco me afeiçoar pelo romance. Apesar de ser um conto, senti falta de um desfecho que de fato concluísse a história deles e de seus problemas familiares. Nota: 3/5

CORRA, ALICIA, CORRA (Lady Sybylla)

E se, em vez de confiarmos na tecnologia, a tecnologia confiasse na gente?
O conto começa com a personagem Alicia tentando escapar de um lugar em que está confinada e do qual pouco sabemos a respeito, e a única pessoa de quem ela insistentemente fala, é de Bianca. Esse conto é mais curto que o anterior e o ritmo de fuga acompanha a escrita ágil, a história me fez questionar até que ponto nós abusamos da tecnologia e como seria se isso fosse percebido por ela se fosse um organismo consciente. Apesar de ter gostado, mais uma vez tive dificuldade em achar o mínimo de profundidade nos personagens, apesar de Bianca ser mencionada o tempo todo, não sabemos o suficiente para entender por que ela é tão importante para Alicia e por que tanta devoção, por esse motivo o final não foi muito impactante para mim. Queria que essa relação fosse melhor desenvolvida, pois é uma peça muito importante para a sustentação do conto. Nota: 3.5/5

ELETRICIDADE EM SUAS VEIAS (Waldson Souza)
Um conto sobre realização pessoal, imortalidade e propósito de vida.
Acompanhamos a história de uma cientista que decide enviar para viver na terra o seu protótipo, Berko, que foi recusado pelo governo após anos de pesquisa e trabalho árduo de sua parte por ser considerado "avançado demais", e sua vida como terráqueo é acompanhado de longe pela criadora. Mais uma vez, é um conto que constrói muito bem o universo, há uma pegada afrofuturista interessante e com a qual nunca tive contato até então, por isso pretendo ler mais sobre, além de abordar a evolução do tratamento à pessoas negras durante os anos (já que Berko é negro), insistentemente racista. Porém, mais uma vez na coletânea senti universo e personagens assíncronos, foi difícil se conectar e senti a história ficar repetitiva em alguns momentos. No geral, é divertido de ler e tem uma mensagem legal sobre até que ponto podemos interferir na vida daqueles com quem nos importamos. Nota: 3.5/5

EU, ALGORITMO (Lu Ain-Zaila)
Leia os termos de uso, viu meninada?
Esse conto que nos faz pensar na permissividade excessiva que damos aos aplicativos e que utilizamos. Fazemos isso em prol da utilização de algum serviço, uma troca que parece justa... porém o que aconteceria se você decidisse dizer "não" a um desses serviços, sem que isso significasse apenas ser proibido de acessá-lo, mas consequências mais graves por parte de uma rede que quer te controlar e ter seus dados?
Gostei bastante da escrita, é ágil assim como "Corra, Alicia, Corra" e sua mensagem é clara do início ao fim. Se propõe a uma coisa e a cumpre de forma satisfatória. Nota: 4/5

O PINGENTE (Claudia Fusco)
De longe meu conto favorito do livro (e quase me arrancou lágrimas!)
Esse conto é sobre uma I.A encarregada de cuidar de uma bebê, e que desempenha essa função durante os anos seguintes também. A escrita é muito gostosa e fluida, me fez criar um carinho instantâneo pela IA e posteriormente pela menina de quem cuida. Comentei sobre não ter sentido empatia e profundidade em contos anteriores, nesse aqui isso é feito muito bem, a autora te faz sentir interesse tanto pelo universo tecnológico construído quanto pelas personagens. Uma história sobre crescer, que me fez lembrar muito de Toy Story apesar de serem bem diferentes, a IA acompanha todo o crescimento da garota e se envolve emocionalmente de uma forma que até então ela desconhecia, é muito gostoso ler as coisas do seu ponto de vista e seu senso de humor particular te faz não querer parar de ler. O final dá um quentinho no coração e eu acho que li no momento certo. Bem escrito, ótima articulação com a tecnologia, personagens e narrativa envolventes! Nota: 5/5 :)

SIA ESTÁ ESPERANDO (Roberto Fideli)
"Por algum motivo, crescer me assusta. O que me leva à seguinte pergunta: IAs deveriam ter medo?"

Sia é uma IA integrada à uma nave de combate espacial que, até a última missão, havia obtido sucesso em todas as viagens pelo espaço, por isso, a queda em um planeta desconhecido que ocasionara diversas baixas deixa a sua tripulação aflita e sem esperança de conseguir voltar para casa. O segundo conto que mais gostei da coletânea e que a fechou com chave de ouro para mim. Assim como no anterior, esse conto é narrado pela IA da nave, que acompanha toda a tensão dos tripulantes que restaram e como eles lidam com a possibilidade de estarem apenas esperando pela morte depois de uma trajetória cheia de missões de sucesso. É de partir o coração ler essa história, o autor te faz ter esperanças até o último momento, ao mesmo tempo que todas as probabilidades apontam para o pior. A mensagem que ficou para mim é a de honrar a memória daqueles que lutam tanto pela evolução da humanidade, que lutam até o último momento para não deixar essa realidade conturbada que é ser gente; mesmo sendo profissionais capacitados para lidar com situações de estresse e medo, o instinto humano de se desesperar e não querer morrer é forte demais em todos nós. O final me deixou com gosto de "quero mais" e se esse conto fosse um livro inteiro, eu leria em uma tacada só, provavelmente! Nota: 4/5

No geral, foi bem interessante. Quando se escreve um conto, principalmente sci-fi, vejo que existem limitações pois ao mesmo tempo que se deve introduzir a sociedade tecnológica criada, precisa-se aprofundar os personagens e sintonizar as duas coisas, o que não é nada fácil. Vejo que cada história aqui poderia muito bem ser um livro por possuírem ideias muito interessantes e te deixarem querendo mais a cada final. Desejo todo o sucesso aos autores, com certeza quero ler mais coisas de cada um!! Aos ilustradores, meus parabéns também, todas as artes estão lindas!
Nota final: 3.5/5
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Denys 08/05/2020

O projeto gráfico e as ilustrações desse livro são incríveis. Foi uma alegria descobrir, durante a leitura, que o conteúdo é tão espetacular quanto. Sem exceções, os contos possuem muita qualidade narrativa.

Breves comentários sobre cada um:

"Antônio do outro continente", de Anna Fagundes Martino
Um futuro distante em que parte da população da Terra vive e trabalha em em satélites artificiais. Gostei muito que como a Anna explora a dinâmica entre o povo dessas províncias e o povo que continua na Terra, recheando a história com dramas familiares ótimos de acompanhar.

"Corra, Alicia, corra", de Lady Sybylla
Trama ágil e objetiva e uma protagonista com a qual o leitor se importa rapidamente. Final surpreendente que te faz repensar toda a história.

"Eletricidade em suas veias", de Waldson Souza
O Waldson mistura o futuro avançado de uma sociedade fictícia com uma viagem pela história (e pelos errros) da nossa própria sociedade, apresentando uma abordagem de inteligência artificial que me surpreendeu bastante. Genial é a palavra que define esse conto, um dos meus favoritos.

"Eu, algoritmo", de Lu Ain-Zaila
Um conto sobre a onipresença da tecnologia, com um desenrolar angustiante por conta da situação em que a protagonista se encontra e um final que surpreende e deixa o leitor sedento por mais. Super leria uma continuação.

"O pingente", de Cláudia Fusco
História doce e envolvente que aquece o coração. É meu primeiro contato com a escrita da Cláudia, e amei cada linha. Também fiquei sorrindo o tempo todo enquanto lia. O final foi diferente (e melhor) do que eu esperava.

"SIA está esperando", de Roberto Fideli
É divertido acompanhar a relação da IA que narra a história com os membros da tripulação da nave em que ela está instalada, especialmente porque essa IA evolui e aprende durante a história. O conto me surpreendeu pela construção de mundo e pela linguagem detalhada sobre o funcionamento da nave e da própria IA. O final tem uma vibe melancólica e esperançosa, gostei bastante.
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