Erebin 09/02/2024
O doido e o doidinho <3
Algo engraçado ao ler O Médico é o Monstro (meu corretor deu um spoiler que-não-é mais-spoiler sem querer) atualmente é o como o grande plot twist do final se tornou algo TÃO popular que deixou de ser surpreendente. Ainda assim, é muito divertido acompanhar os outros personagens se roendo para destrinchar esse tal Edward Hyde.
O último capítulo foi uma das melhores coisas que já li. A linha de pensamento do Dr. Jekyll foi algo tão magnífico de acompanhar; a forma que ele admite reprimir-se tanto ao ponto que ele próprio não poderia se "libertar", porém o respeitável médico ainda poderia criar uma forma de condensar todo o mal de seu ser em um duende de baixa estatura e, assim, esbanjar-se dos males e vícios.
Já ouvi falar de várias interpretações de Jekyll para Hyde: Alcoolismo (beber uma droga e mudar totalmente), transtorno de personalidade (né), também tenho uma memória embaçada de ter ouvido que há o entendimento de homossexualidade no caso. Jekyll não especifica quais "irregularidades" e crimes ele tinha em mente quando criou a droga. Então, naquela sociedade típica vitoriana, há a possibilidade de que Hyde sair para se encontrar com uns caras em plena noite também seria visto igualmente como mais um de seus atos "hediondos".
Brincando, eu disse a minha amiga que o livro era sobre o desejo de comer vs a necessidade de dar e agora a doida quer ler ele.
Li pronta para me contentar com um mais ou menos, sendo que recebi um grande favorito.
? Curiosidade que eu percebi: não há nenhuma personagem feminina no livro, igual a Hobbit. É mencionada acho que a mãe da criança pisoteada e uma empregada, mas elas não tem nome.
"Afinal, o culpado era Hyde, Jekyll não era tão ruim. Acordava de novo para suas boas qualidades aparentemente irrepreensíveis. Ele até se apressava, quando possível, para desfazer o mal feito por Hyde. E assim sua consciência adormecia"
"Jekyll tinha mais o interesse de um pai. Hyde tinha mais a indiferença de um filho"
"Assim, portanto, enquanto descanso a pena e prossigo para selar minha confissão, dou um fim à vida do infeliz Henry Jekyll".
Um detalhe que achei muito interessante no último capítulo era como tanto Jekyll como Hyde eram referidos na 3° pessoa. Mesmo havendo este trecho sobre o Hyde 4 páginas antes:
"Ele, quero dizer eu, mas não consigo dizer eu, aquele filho do inferno não tinha nada de humano".