Casei com um comunista

Casei com um comunista Philip Roth




Resenhas - Casei com um comunista


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Angelica75 12/01/2023

Livro lido (com prazer) para encerrar a "Trilogia Americana" de Philip Roth. Os livros de Roth trazem debates entre os personagens, profundos em sua simplicidade, que tornam sua obra universal.

No caso de Casei com um Comunista, um professor expõe para um ex-aluno, Nathan, as passagens controversas da vida do seu irmão "comunista" Ira Ringold.
Nathan havia sido um pupilo da militância de Ira e também mostra para o professor vários situações que passou junto à seu irmão Ira durante sua vida.

Militante comunista ferrenho, Ira à certa altura se casa com Eve Frame, uma atriz do cinema mudo e vai morar com ela e sua filha problemática Sylphid e então muitas situações conflitantes acontecem entre Ira e sua enteada e depois entre Ira e a esposa. Na época, a caça aos comunistas propagada pelo marcathismo estava a todo vapor, clima piorado também pelas incertezas da "Guerra Fria".

Com o confronto no centro de sua casa, conseguiu receber um revés da própria esposa. Manipulada por amigos e movida pela raiva, fez um livro denúncia repleto de intrigas e difamando o marido. Escrevendo essa simples resenha, me dá a impressão que o livro parece trivial porém, a genialidade da escrita soberba de Philip Roth transforma qualquer assunto em preciosidade.
Joao 12/01/2023minha estante
Nossa, eu fiquei bem curioso para ler esse livro. Do autor só li o Complexo de Portnoy e gostei bastante.


Angelica75 12/01/2023minha estante
a Trilogia Americana é imperdível João... esse,A Marca Humana e Pastoral Americana.


Joao 12/01/2023minha estante
Angélica, teria alguma ordem de leitura?


Angelica75 03/02/2023minha estante
eu li pastoral Americana, A Marca Humana e por último esse aqui... mas, apesar de serem parecidos no tema abordado, não atrapalha em nada vc mudar a ordem da leitura.




Igor Oliveira 30/05/2009

Philip Roth e a aguda percepção da América
Acabo de ler Casei com um Comunista, encerrando assim a leitura do que se convencionou chamar de trilogia de Philip Roth sobre a vida na América do pós-guerra. Assim como Pastoral Americana e A Marca Humana, estão ali todos os elementos que fazem de Roth esse observador tão especial do que são hoje os E.U.A.. Penso inclusive que classificar essas obras como uma trilogia sobre a vida na América pós-Segunda Guerra é reduzir sua importância. Por mais que as histórias se passem após o período especificado, estão presentes, nos três livros, os elementos formadores da sociedade Americana que se prepara hoje para eleger mais um presidente. Quando leio Roth costumo lembrar do que Will Eisner desenvolveu, na forma de HQs, com sua Avenida Dropsie, que aliás é outra referência para entendermos o país. Todas as etnias, acontecimentos, misérias e vitórias que fundamentaram o orgulho americano, o preconceito racial e tantos outros aspectos marcantes dessa sociedade estão tanto em Roth quanto em Eisner.

Em Casei com um Comunista conhecemos Ira Ringold, menino pobre de infância difícil que ao longo da vida foi de trabalhador braçal a ator de radionovelas, passando é claro pela comunismo, elemento que norteia a trama. Sempre dividido entre a causa revolucionária e os prazeres da vida burguesa, Ira vive a vida sempre no limite, violento, resoluto, e exposto a todas as conseqüências dessa forma de conduzir as coisas. Sabemos de sua história pelo irmão Murray Ringold, que conta a Nathan Zuckerman, recorrente narrador dos romances de Roth, as partes da história de Ira que este não conhecia. Zuckerman fora um amigo e discípulo de Ira na iniciação à causa revolucionária e em sua formação geral na passagem da adolescência à idade adulta. No tempo presente do romance, Murray está com 90 anos e Zuckerman com 65. As múltiplas linhas narrativas mostram Ira, Zuckerman e Murray em idades e situações distintas. Roth é brilhante nesse entrelaçamento de tempos narrativos, não havendo risco de incoerência e confusão na cabeça do leitor.
Nathan Zuckerman é sempre descrito como um alter-ego de Philip Roth. No entanto, considero não só ele como todos os personagens de Roth dessa forma. Sua observação sagaz da nação americana se faz através da boca de seus personagens, cada uma deles uma forma do autor enxergar sua matéria na construção dessa ficção que tanto nos ensina sobre a história americana. Vale lembrar aqui trecho do livro em que o professor Murray Ringold cita Shakespeare para recomendar o contrário de algo que o próprio Roth realiza muito bem:

"Você sabe, aprendemos em Shakespeare que ao contarmos uma história não podemos dar vazão a nossos sentimentos imaginativos por nenhum personagem." (p. 364)

Os personagens de Philip Roth são sim as peças-chave de suas narrativas. Através de sua participação, mesmo que como coadjuvantes aparentemente inexpressivos, nos grandes eventos históricos do país pós-Segunda Gerra, constrõem-se os significados que o autor quer que conheçamos, da forma como os discursos de cada personagem nos são apresnetados: com preconceitos, heroísmo, fraquezas, anulações e sempre passando a idéia de que a vida é uma batalha diária. Não simplesmente por ser na América, é claro, mas a formação dos E.U.A. da maneira como se deu construiu peculiaridades que refletem significativamente na vida desses cidadãos comuns tão afetados pelo macrocosmo da maior nação do mundo.
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vannybs 30/01/2021

Em alguns momentos a leitura me cansou um pouco mas a história é muito boa. Época do pós guerra mas com temas ainda atuais. Vale a leitura.
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Mariana 30/05/2021

isto era uma América da qual eu não era um nativo, e nunca seria, e que no entanto pertencia a mim como americano
"Eu nunca havia conhecido ninguém cuja vida fosse tão profundamente circunscrita por uma parcela tão grande da história americana, ninguém que estivesse pessoalmente familiarizado com tantos elementos da geografia americana, que tivesse enfrentado, face a face, tanta coisa na vida dos americanos pobres. Eu nunca conhecera ninguém tão mergulhado no seu tempo ou tão determinado por ele. Ou tão tiranizado por ele, ao mesmo tempo seu vingador, sua vítima e seu instrumento. Imaginar Ira fora do seu tempo era impossível."

'Casei com um comunista' traz boas reflexões, mas não consegui me conectar muito bem com ele, apesar de me parecer muito bem escrito. Me identifiquei bastante com o protagonista, talvez por esse sentimento de insuficiência de não ter vivido a vida de verdade, e a pretensão de se sentir complexo demais diante da simplicidade do destino das pessoas. "É só que eu não consigo suportar que você seja tão convencional", lhe disse um de seus professores. Essa busca incessante por uma simplicidade que nos faça sentir algo.

"Mas se algo na minha complexidade escarnecia dele, algo na sua simplicidade também escarnecia de mim. Eu fazia tudo virar uma aventura, andava sempre atrás de mudanças, ao passo que Brownie vivia sem outra preocupação que não a estrita necessidade; ele tinha sido tão moldado e domado pelas repressões que só era capaz de representar o papel de si mesmo."

O contexto da narrativa conta pra gente um pouco da história estadunidense no século XX: a lei de Jim Crow, o McCarthismo, a perseguição ao comunismo da qual Hollywood não escapou, o antissemitismo, a pobreza, o discurso status quo dos democratas vendido como transformação pro país, Reagan, Nixon, as barbaridades e a hipocrisia no alto escalão do governo.

"Quando alguém se está educando pela primeira vez e sua cabeça se está transformando num arsenal armado de livros, quando essa pessoa é jovem, petulante e parte aos pulos, cheia de satisfação, para descobrir toda a inteligência que se encontra escondida pelo planeta, ela está apta a exagerar a importância da realidade nova e fremente, e desdenhar tudo o mais como uma coisa irrelevante."

Acho que preciso digerir um pouco antes de dizer se gostei ou não gostei. Talvez a história não tenha me prendido tanto, e talvez minha falta de interesse por história norte-americana também tenha minado um pouco a leitura, mas tive muita reflexão boa ao longo do livro. Ficamos, então, com três estrelas. Quem sabe? Numa releitura talvez as coisas mudem...
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joao 26/05/2021

É um livro sobre os Estados Unidos. Sobre a política dos EUA. Cita nomes importantes da política deles, coisa que eu nunca fui atrás.. por esse motivo muitas vezes o livro fica chato, se salvando quando foca na novelona que é a vida do personagem principal.
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Laís 13/09/2020

Casei com um comunista
livro ?Casei com um comunista?, esta ambientado no cenário da Guerra Fria e ascensão do Macarthismo nos Estados Unidos. Os irmãos Ira e Murray Ringold perderam a mãe ainda muito jovens, viviam com um pai e uma madrasta cruéis. Murray o irmão mais velho se tornou professor de literatura e canalizou suas frustrações, medos e angustia ensinando Shakespeare e sobre a liberdade a seus alunos secundaristas:
Ira o irmão mais novo se forjou no mundo. Sua força física, sua raiva e a vontade de construir uma família permearam toda sua história. O livro conta a história de Ira, a partir de um encontro anos depois entre Murray e Nathan, já idosos. Nathan havia sido aluno de Murray e ?discípulo de Ira?.
Ira alistou-se no exército e foi para o Irã, foi recrutado por O'Day que lhe apresentou o comunismo, disciplinou sua leitura e assim canalizou sua raiva para essa causa. Quando retorna ao Estados Unidos Ira, trabalha na rádio e posteriormente se casa com Eve Frame, uma atriz muito rica e reconhecida, que mudou seu nome para esconder seu sobrenome judeu e tinha uma relação de dependência emocional com sua filha.
Enquanto Murray conta a trajetória de Ira para Nathan ele expõe suas fragilidades:
?Minha vontade era dizer: ? você está olhando para a ameaça errada. A ameaça verdadeira para você não é o capitalismo imperialista. A ameaça para você não são as ações públicas, a ameaça para você é a sua vida particular. Sempre foi e sempre será?. (P.106)
Durante todo o livro é possível ver o furor da corrente anticomunista que cortava todo os Estados Unidos, (ao ler parece, que se trata do Brasil atualmente):
?Eu fico muito enfurecido com o meu adorável país quando o senhor Trum
an diz ao povo, e todos acreditam nele, que o comunismo é o grande problema desse país. Não o racismo. Não as injustiças sociais. Isso não é problema".(P.149)
O livro traz histórias da vida privada de todos personagens. Interliga o passado e presente, as causas políticas e ideológicas do período.
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Leonardo.Broinizi 14/06/2022

Meu primeiro contato com Philip Roth e gostei bastante.
Este livro trata de outra época, país e contexto, mas possui as características de um bom clássico: consegue falar sobre os dramas humanos universais, mesmo com um pano de fundo histórico muito específico.
Ao ler eu pude, em certos momentos, refletir sobre questões muito particulares, da vida quotidiana, enquanto em outros momentos, refletir sobre política e sociedade.

Eu recomendo a leitura pra todo mundo que gosta de livros clássicos, com personagens profundos e bons insights sobre a natureza humana.
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jota 03/04/2018

Capitalismo: vida real; socialismo: conto de fadas?
Grande parte de Casei Com Um Comunista é sobre o período em que os EUA vivenciaram o macarthismo (1950-1957), ou seja, a "prática de acusar alguém de subversão ou traição" (grato, Wikipédia, pela síntese), coisa na qual o senador republicano (inicialmente democrata) Joseph McCarthy (1908-1957) foi especialista. Daí o verbete com seu nome.

Eram os tempos da Guerra Fria, marcada por disputas estratégicas e conflitos indiretos entre EUA e União Soviética, travados entre cortinas de ferro e suspeições de ambos os lados. Muitos americanos simpatizantes do regime soviético, alguns até não, foram delatados ou perseguidos pelo comitê de investigação de atividades antiamericanas, presidido pelo senador McCarthy, mui amigo de Richard Nixon, aquele mesmo do emblemático caso Watergate (mas isso são outros quinhentos, outra história).

O livro de Philip Roth mergulha com profundidade nessa porção da história americana e personagens reais (daquela época e posteriores) como Roosevelt, Truman, Nixon, Reagan, Ford, Bush pai, Clinton etc. são citados aqui e ali por dois dos personagens principais da ficção em longas conversas, décadas depois dos acontecimentos narrados. Eles são Nathan Zuckerman, escritor e alter ego de Roth, e Murray Ringold, professor de Nathan no ginásio e irmão de Ira Ringold, o comunista do título, ator de sucesso em dramas radiofônicos nos anos 1950, por aí.

Ira foi denunciado como comunista em um livro, justamente chamado Casei Com Um Comunista, escrito por sua mulher, Eve Frame, atriz do cinema mudo e posteriormente de radioteatro americano. A história de Eve Frame e Ira Ringold, de seu casamento, da separação e denúncia nos é contada com muitos detalhes. Aqui também, como na maioria das obras de Roth (ou na totalidade, não sei, pois não li todos os seus romances), a comunidade judaica aparece igualmente como pano de fundo da história.

Apesar disso, pode-se ler Casei Com Um Comunista com o interesse que vai além da política, história ou sociologia, pois os personagens principais (e até alguns secundários) trazidos à cena por Roth são muito interessantes o tempo todo e têm histórias singulares para conhecermos. Mas certamente nem todos leitores irão apreciá-las, especialmente aqueles que preferem enredos movimentados. Que não é bem o caso deste livro, que no fundo é um imenso diálogo entre um ex-aluno e seu professor, com capítulos longos e algumas passagens também longas, nem sempre lá muito estimulantes para qualquer tipo de leitor.

Mas eu gosto muito dos livros de Roth, li muita coisa dele (este deve ser o décimo quinto ou décimo sexto livro dele lido), então não vou me alongar na enumeração das qualidades do escritor e da obra, apenas transcrever um trecho dela que é bastante esclarecedor acerca do que ele pensa sobre os dois sistemas políticos e econômicos mais defendidos, digamos assim, pelas direitas e esquerdas políticas mundo afora. É o pai de Nathan jovem quem fala, ao perceber que o filho poderia estar sendo seduzido pelo socialismo da União Soviética, influenciado pelo comunista do título, Ira Ringold:

"Garoto, não dê ouvidos a ele. Você vive na América. É o maior país do mundo e o melhor sistema do mundo. Claro, tem gente que se fode. Acha que ninguém se fode na União Soviética? Ele diz para você que o capitalismo é um sistema de competição cruel. E o que é a vida senão uma competição cruel? Este é um sistema em sintonia com a vida. E como é assim, funciona. Olhe, tudo o que os comunistas dizem sobre o capitalismo é verdade, e tudo o que os capitalistas dizem sobre o comunismo é verdade. A diferença é que nosso sistema funciona porque se baseia na verdade do egoísmo humano, e o sistema deles não funciona porque se baseia num conto de fadas sobre a fraternidade do povo. É um conto de fadas tão maluco que eles têm de pegar as pessoas e levar lá para a Sibéria para ver se acreditam nele. Para fazer as pessoas acreditarem na sua fraternidade, eles precisam controlar todos os pensamentos delas ou então fuzilar. Enquanto isso, na América, na Europa, os comunistas continuam com o seu conto de fadas, mesmo sabendo o que acontece, na realidade."

O que se sabe também é que tem mais gente querendo ir para os EUA do que para Cuba, para Miami do que para Havana. E até mesmo querendo ir para Boa Vista (Rondônia) do que para Caracas. Da mesma forma, tem muito pouca gente querendo passar férias em Pyongyang, quanto mais morar lá, não é mesmo? De volta a Roth, o que se fica sabendo acerca do comunista Ira Ringold é que ele não era um agente de Moscou, mas um sujeito que tinha batalhado muito para melhorar de vida e por conta de seus contatos com trabalhadores e suas leituras passou a enxergar o mundo de uma outra forma, diferente da que enxergava um patrão capitalista de então, logicamente.

Nos tempos da Guerra Fria tudo era como os personagens de Roth nos contam, com o perigo vermelho real ou imaginário rondando a América, como muitos supunham, mas agora seria assim tão diferente? Teria a Guerra Fria acabado com a dissolução da União Soviética em 1991, de fato? As novas tensões entre a Rússia de Putin e grande parte dos países desenvolvidos do Ocidente parecem afirmar que não, como no recente caso de expulsão de diplomatas russos de alguns desses países e vice-versa. Não que haja tanta gente assim por aí defendendo o socialismo hoje em dia, nem mesmo na Rússia, mas aqui no Brasil há quem acredite, por ignorância ou má-fé, nas deslavadas mentiras dos petistas e seus seguidores sobre as maravilhas do socialismo em Cuba, por exemplo.

Até poucos anos atrás também falavam do "excesso de democracia" na Venezuela bolivarista de Chávez, dizimada política e economicamente pelo ditador Maduro. E tanto num caso como noutro quase sempre a culpa pelos problemas desses países é colocada não em seus próprios governantes e sistemas políticos, mas nos EUA ou no Ocidente como um todo. Agem desse modo, mesmo sabendo o que acontece de fato nessas ditaduras, em que críticas ao sistema são proibidas e as pessoas que as fazem quase sempre acabam nas prisões, quando não mortas pela repressão selvagem que se verifica ali. O livro de Roth não é simplesmente uma história de amor e desunião entre um casal dos anos 1950, longe disso: ele nos faz pensar em muito mais coisas do que simplesmente diz seu curioso título.

Lido entre 21/03 e 02/04/2018.
Daniel Assunção 04/04/2018minha estante
Então, recorremos as estrelas! Eu adoro esse livro.




iagofelipeh 30/03/2020

Simplesmente: Philip Roth
Outro estudo impecável da sociedade norte-americana, de todas suas contradições e da própria natureza humana por meio da ficção.

Trata de forma genial e introspectiva de temas extremamente contemporâneos e caros, como as traições humanas, as fases de formação da vida diante de um contexto político polarizado, trata da velhice, da morte e de muito o que nos define como humanos.
Visceral!
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Gerson91 04/05/2020

Histórico e profundo
Um livro que te prende muito e faz pensar sobre tolerância, empatia e alma. Mais uma pintura do mestre Roth.
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Erika 12/02/2020

Roth não decepciona!!
Impossível não fazer um paralelo dos EUA anos 50/60 com as atualidades em pleno século XXI. Como um recorde da História se perpétua nos slogans dos atuais governantes. Impressionante as distorções que uma narrativa construída pela mistura de manifestações ideológicas impacta em uma sociedade carente de História e Sociologia. O livro é recheado de citações literárias - aspas para Shakespeare -, de eventos históricos, de traições e ruínas da essência humana. Por fim, me abasteço com a seguinte citação:
'A História não se repete, mas os métodos de manipulação, sim'.
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Edupscheidt 26/08/2021

Roth é inexplicável
Não é forçoso dizer que Roth é o melhor escritor de seu tempo, embora eu francamente tenha preferência intelectual por outros autores.
Ninguém investiga melhor o espírito humano pós guerra enquanto escritor do que Roth e é exatamente sobre isso que o livro trata.
Casei com um Comunista é um livro sobre traição, macarthismo e perda do endeusamento dos seus ídolos da infância, porque no final das contas, todos são (e somos) apenas humanos, falhos em com paixões que implicam em escolhas inevitáveis no curso de nossas vidas.
Leiam Roth, não apenas este. Apenas leiam, a vida mudará.
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Daniel Rolim 26/05/2010

De Philip Roth li Pastoral Americana e Casei com um Comunista.
Pois bem, achei os livros muito interessantes, assim como gostei da maneira que o autor os escreveu. Entretanto, não posso deixar de frisar que os dois livros me pareceram um pouco cansativos. Vejam, Roth esmiuça toda a matéria, descreve todas as possibilidades acerca dos fatos de que tratam os livros, não dando margem alguma à interpretação, à imaginação do leitor, que para mim é a base da literatura.
Não vim aqui para desmerecer Philip Roth, pois como já disse ele escreve muito bem. Mas acho que ele poderia ter ido menos a fundo nesses dois livros, tornando-os ainda mais interessantes.
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lara 23/03/2024

Casei com um comunista
No final do livro eu cheguei a conclusão de que o ira é um idiota impulsivo e que ele também seria um liberal capitalista assim como foi comunista se as suas condições tivessem sido diferentes, porque ele só queria uma causa pra lutar por.
também cheguei a conclusão de que eu seria apaixonada por ele 100%
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Paulo Sousa 26/11/2018

Casei com um comunista
Livro lido 3°/Nov//54°/2018
Título: Casei com um comunista
Título original: I married a communist
Autor: Philip Roth (1933-2018)
Tradução: Rubens Figueiredo
Editora: @companhiadasletras
Ano de lançamento: 1998
Ano desta edição: 2014
Páginas: 424
Classificação: ????????
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"Sempre fico enfurecido, e espero que no dia em que eu morrer eu continue enfurecido. Arranjo confusão porque fico enfurecido. Arranjo confusão porque não fico de boca fechada. Eu fico muito enfurecido com o meu adorável país quando o senhor Truman diz ao povo, e todos acreditam nele, que o comunismo é o grande problema deste país. Não o racismo. Não as injustiças. Isso não é o problema. O problema são os comunistas. Eles vão subverter o governo de um país de cento e cinquenta milhões de pessoas. Não insultem minha inteligência. Vou lhes contar o que é que vai subverter toda essa porcaria: o modo como tratamos as pessoas de cor. O modo como tratamos os trabalhadores. Não são os comunistas que vão subverter este país. Este país vai subverter a si mesmo ao tratar as pessoas como animais!? (Pág. 149).
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Depois de ter lido ?Operação Shylock?, de 1993, ter voltado a ?Patrimônio? (1991) e ?Os fatos? (1988), e ao decidir pular a ?O teatro de Sabbath? (1995) e a ?Pastoral americana? (1997) por tê-los lido recentemente, concluo ?Casei com um comunista?, de 1998, o volume que faltava para eu terminar a assim chamada Trilogia Americana, cujos os dois outros livros são o já citado ?Pastoral...? e ?A marca humana?, de 2000. Este último aliás, foi, na verdade, o primeiro livro de Philip Roth que li, no distante junho de 2016, e que lerei em seguida para manter algum padrão na minha solitária e rica caminhada pela obra de Roth.
.
Casei com um comunista é mais um volume onde figura Nathan Zuckerman, o escritor e alter-ego do próprio Roth. Nele, Zuckerman reproduz a longa conversa que teve com um ex-professor seu da época do secundário, Murray Ringold. Em longas seis noites, Murray faz um relato sobre a vida de seu irmão, Ira Ringold, um figurão do rádio, a cujo passado violento e marcado por feroz militância com o partido comunista, traçaram um caminho de vergonha, traição, repúdio e vingança.
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No típico estilo de Roth, Zuckerman reencontra muitos anos depois o professor Murray, e ali, em camadas atemporais, ouve a história da vida do homem a quem Zuckerman considerou por muitos anos, uma de suas mais marcantes influências, sendo mesmo preterido a discípulo de Ira, que buscou doutrinar o então jovem Zuckerman na militância comunista, na luta operária e no abrir mão de uma odiosa existência aburguesada. Zuckerman, sendo apresentado a vários correligionários de Ira, fica muito impressionado com uma realidade tão distante da razoável vida que leva num bairro de Newark. Vendo a dureza com que são obrigados a viver os operários das indústrias nos arredores da cidade, Zuckerman por pouco não sucumbe às ideias de Ringold e abre mão da casa dos pais em prol da luta de classes.
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Casei com um comunista, na verdade título de um pseudo livro escrito pela ex-esposa de Ira, Eve Freme, e que objetivou denunciar o marido numa época em que a perseguição aos comunistas era política de Estado levada à cabo pelo presidente Truman, é uma obra explosiva, de cunho político, um retrato da então já fragmentada sociedade americana no pós-guerra e na era do Macarthismo. As convicções de Ira Ringold tornadas públicas pelo livro traidor de Eve, mostram a fragilidade dos direitos civis, a constante existência de denúncias contra partidários do Comunismo, a atmosfera de traição e observância que pairava naqueles dias turbulentos.
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É também um livro em que vemos Zuckerman abdicar de suas auto-impressões, tão presentes nos primeiros livros onde aparece, a fim de buscar em figuras de seu passado o sentido para sua existência estéril e insossa (pretendo, quem sabe um dia, escrever um ensaio analisando o Zuckerman da trilogia americana, em contraste com o Zuckerman dos outros volumes onde é o personagem central). Foi assim quando Zuckerman rememora a sua amizade com o professor Coleman Silk de ?A marca humana? e Sueco Levov - de Pastoral Americana - o atleta famoso de Newark que tanta admiração causou no jovem Zuckerman. Eram figuras mais velhas, e por isso mesmo, quase inalcançáveis para o menino Zuckerman, mas que contribuíram de alguma forma para a construção da literatura do próprio Zuckerman. Vale!
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