spoiler visualizarBruna 08/04/2024
Frankenstein, ou o Prometeu Moderno
Ao me deparar com essa leitura tive uma grande surpresa que a mesma não tem praticamente nada em comum com a história do Frankenstein vista no cinema e enraizada no imaginário popular. Inclusive nem mesmo existe escrita à famosa frase cinematográfica “Está vivo!”.
O cientista, ou seja, o grande “criador”, chamado de Victor Frankenstein, não se trata de um senhor de idade e sábio como nos é apresentado nas telas, mas sim de um jovem estudante de filosofia natural, pertencente a uma família tradicional abastada de Genebra, enquanto que, a criatura nem se quer teve o benefício de ter ganhado um nome e sempre é designada por nomes pejorativos como “monstro” e “demônio”.
Ao finalizar o seu grande experimento e ficar horrorizado com o resultado físico, Victor simplesmente abandona a sua criatura ao relento, o que foi de uma grande irresponsabilidade, sem ao menos pensar nas consequências que isso poderia ocasionar para a sociedade e para o próprio monstro.
A criatura é isolada cruelmente da sociedade devido a sua aparência física e nunca lhe é dado à oportunidade de mostrar o seu “eu” interior. Notamos que inicialmente ele é dotado de pensamentos bondosos, sua vontade é fazer o bem para a sociedade e sua natureza só deseja que seja acolhido, possuir uma família e ter amigos.
Diante disso surgem os seguintes questionamentos: A maldade é inerente ao ser humano desde o seu nascimento ou é a sociedade que os molda os tornando dessa forma devido as adversidades causadas no dia a dia? Somos julgados tão somente por nossa aparência física ou nossa personalidade também é levada em consideração? Na realidade o “monstro” era a criatura ou o seu criador?
Por incrível que pareça a única pessoa que não julga e se afasta da criatura é justamente um senhor cego ...
Do meu ponto de vista, também deveria ter sido melhor esclarecido a origem do “corpo” da criatura, apesar de deixar subentendido que partes da matéria eram recolhidas nos cemitérios, obviamente de cadáveres, fica a dúvida se a consciência do “monstro” acabara de fato de nascer ou fora restituída de alguém que já morrera e assim voltara a vida.
Concluindo, apesar de se tratar do gênero horror, não me senti horrorizada e me peguei esperando por mais. O livro não conseguiu me surpreender e inclusive achei tudo muito previsível e alguns pontos sem conexão, simplesmente jogados a mercê a fim de tentar justificar algumas passagens jogadas no texto.
Todavia, é inegável a força de alguns debates sobre a vida, como a sociedade trata o ser humano diferente dos demais, o poder da exclusão e do julgamento na vida do excluído/julgado e criador e criatura!