vivianbooks 14/03/2024
“Outrora eu falsamente esperei encontrar seres que, relevando meu aspecto externo, iriam me amar pelas excelentes qualidades que eu era capaz de demostrar”
Como sequer começar a resenhar Frankenstein? Um livro que, muito merecidamente, transpassa época, procedência e gênero. Seja através da leitura do livro de Mary, seja através das adaptações clássicas, seja através dos mangás do mangaká japonês Junji Ito, seja até através do famoso desenho infantil ‘Pica-Pau’, Todos nós, de um grau ou de outro,somos familiarizados com a história de Victor Frankenstein e sua criação ou seu monstro, depende da perspectiva.
Porém para aqueles que só tiveram contato com essa história de outra fontes, o original é surpreendente e muito mais profundo do que qualquer adaptação conseguiria representar. Com sua escrita fluida e clara, Mary Shelley nos mostra a natureza humana em sua mais solitária e horrenda forma. Muito mais do que uma história de terror. Frankenstein é uma história sobre amor, medo, companheirismo, família, soledade e preconceito. Com o enfoque da maior paixão humana: o senso de pertencimento (impossível ler esse livro sem uma análise psicológica, desculpem kkk).
Mesmo aquilo que nasce mais puro, pode se enegrecer se ambientado em um contexto negativo, a criatura não encarnou-se má ou perversa, esses sentimentos foram construídos nela, não que isso a isente de seus crimes cruéis, é apenas uma análise. Victor no final também sofreu com suas ambições e com seus erros. No entanto me pergunto como seria diferente se a criatura fosse inicialmente acolhida por seu criador. Ou se Victor realmente cedesse ao seu íntimo desejo de possuir uma igual.