Virgilio_Luna 02/08/2020
Curto, conciso, chocante
Esse opúsculo nos permite enxergar o contexto da pandemia de modo mais amplo: saindo de nossa particularidade nacional, citada, salvo o engano, na quarta parte, para atentarmos a uma totalidade desigual, que contém no plano das causas, mormente, o mercado, o patriarcado e o colonialismo.
Creio que a segunda parte, principalmente o final dela, revele bastante o propósito de Boaventura com esse livro: fazer uma subteorização sobre a peste, conseguir pensar nesse momento de excepcionalidade, atentar à particularidade do momento, diferentemente de Zizek e Agamben.
As informações sobre o Sul, presentes na terceira parte, são de chocar, a revelação da outra quarentena, ideológica, política, não-civilizatória, é, de igual modo, alarmante. Outros problemas, de marcha mais lenta e, assim, desacreditados (como o aquecimento global) são postos de lado: em uma peste de tudo, uma pandemia de tudo, o que podemos fazer?
Lembrar que o futuro pode começar hoje.