spoiler visualizarPilar 21/03/2024
Boaventura não é perfeito.
Não há escritores perfeitos e nem é perfeito este livro, mesmo sendo excelente! Tanto pela presteza de seu lançamento logo no início da pandemia, quanto por mostrar que o ?normal? anterior já não era normal, nem democrático. Pelo contrário, foi o que produziu a pandemia e produzirá outras. São só três os adendos que eu gostaria de anotar:
1- O autor perdeu a chance de explicar o que é o eco-fascismo e o terror que discursos eco-fascistas causam ao culpar seres humanos (ao invés do capitalismo) pelas catástrofes ambientais. Ao dizer que o planeta ?se defende? da ação humana há que se frisar que o mesmo planeta não se defendia assim das ações da mesma espécie humana antes de atingirmos o atual modo de produção. Parece óbvio já que esta é uma obra de oposição ao capitalismo, porém esse detalhe precisa ser exaustivamente dito pra não dar nem a mínima chance da mensagem ser mal interpretada ou simplesmente distorcida por leitores/as distraídos/as ou mal intencionados/as.
2- Ele desconsiderou o peso do catolicismo brasileiro (em diminuição porém ainda majoritário) e o aprofundamento do Cristo-fascismo nele (não apenas nas denominações evangélicas/protestantes). Destaco a participação da CNBB no plano de desenvolvimento da educação de 2008, o acordo Brasil-Vaticano de 2009, a histórica influência católica nas forças armadas pela primazia de capelães militares (sem haver cargo similar para ialorixás, ianifás, pajés, rabinos, gurus, mestres, etc)
3- Ainda na mesma página ele lista o islamismo radical do oriente médio sem lembrar da lei de 2018 que outorga um judaísmo de estado em Israel e determina o hebraico como Língua exclusiva. Um não é nem maior nem menor exemplo de fascismo religioso que o outro e ambas as ambições teocráticas devem ser lembradas juntamente.