Aione 11/09/2020Meia-noite, Evelyn! é o mais recente trabalho de Babi A. Sette, cujo lançamento está previsto para novembro pela Verus. Fui convidada para mediar o bate-papo com a autora em uma live que aconteceu no Instagram da editora e, por isso, tive a oportunidade de fazer a leitura antecipadamente.
Evelyn é responsável pelas irmãs e pela propriedade do padrasto desde que ele faleceu, anos após a morte de sua mãe. Praticamente sozinha no mundo, Evelyn se vê ainda mais à deriva quando o irmão de seu padrasto, conde Derby, ameaça tomar não só a propriedade, mas a tutela de Violet, sua meia-irmã mais nova. Sua única solução é encontrar um marido. Paralelamente, Harry vive a vida nos EUA, longe da aristocracia britânica de onde fugiu e para onde não tem intenção de voltar — até receber uma convocação da rainha após Derby, seu tio, entrar com um pedido requisitando o título de Harry.
Meia-noite, Evelyn! começa de forma bastante típica em romances de época e segue essa linha até mais ou menos metade da história, a partir de quando toma rumos um tanto quanto diferentes em relação ao mais comumente encontrado em livros do gênero. Em terceira pessoa, a narrativa se alterna entre as perspectivas intercaladas de Evelyn e Harry, cujo romance se desenvolve aos poucos, a partir de uma situação inicial de antipatia entre eles. Assim, é muito gostoso acompanhar a evolução do romance, especialmente pela escrita envolvente de Babi A. Sette, que mescla muito bem momentos mais sensíveis com outros ora mais leves e divertidos, ora mais sensuais — e a química entre o casal é deliciosa. Também, as diversas epígrafes ao longo dos capítulos relatando situações do quotidiano das irmãs, especialmente de Violet, na propriedade durante a ausência de Evelyn estão entre as passagens que mais me provocaram gostosas risadas.
Ainda, como é comum nos livros de Babi, há aqui a presença de contos de fadas. Se Não Me Esqueças é uma releitura de A Bela e a Fera e a protagonista de Lágrimas de Amor e Café encontra forças nas histórias que lia quando criança para viver sua própria narrativa, Evelyn também acredita na magia dessas leituras, tendo seus próprios momentos de Cinderela, que inclusive é bastante citada no romance. Não que a obra seja uma releitura desse conto, mas ele o resgata a seu próprio modo.
Se até a metade Meia-Noite, Evelyn! estava sendo uma leitura gostosa, mas que ainda não havia revelado seu potencial, foi desse ponto em diante que tudo mudou. Até então, era possível perceber a existência de alguns segredos na narrativa, mas não fui capaz de adivinhá-los. Quando entendi o que havia por de trás da história, passei a fazer uma leitura frenética até chegar ao momento da revelação. Babi A. Sette trabalhou temáticas pesadas e dolorosas com um jeito todo seu de escrever: delicadamente. Gostei muito de como a autora trabalhou os personagens, de como conduziu o enredo até aqui e, principalmente, de como tratou de suas dores. Tanto Evelyn quanto Harry enfrentam as próprias dificuldades de maneira muito real, de forma que foi impossível não ser levada às lágrimas nos capítulos finais. Também, Babi fez uma conexão muito importante entre a ficção e fatos reais históricos, o que tornou a leitura ainda mais interessante.
Finalizei a leitura de Meia-Noite, Evelyn! com o peito aquecido. A marca registrada de Babi A. Sette é colocar o amor no centro das tramas que desenvolve e, aqui, ele se faz mais uma vez presente. Frente a momentos complicados, tudo de que precisamos encontrar em uma leitura, na maior parte das vezes, é uma dose de esperança — o que a autora sempre nos entrega. Fica o aviso de possível gatilho para temáticas sensíveis, como violência e abuso sexual.
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